O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Manoel dos Santos, acusou nesta quarta-feira o governo de inflar os números de assentamentos no País para provar que cumpriu as metas do Plano Nacional de Reforma Agrária, lançado em 2003. Ele contestou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, que disse em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo que a meta de 400 mil assentamentos foi alcançada. 'Ele incluiu nessas contas um conjunto de 50 mil lotes nos quais foram feitos reassentamentos de famílias, depois de terem sido retomados, porque estavam abandonados ou nas mãos de intrusos', observou Santos. 'Isso não é assentamento novo, mas reassentamento.' O líder da Contag também criticou as declarações do ministro sobre a agricultura familiar. Ele reconheceu os avanços do atual governo em relação ao volume de recursos para o setor, mas apontou distorções na sua utilização. Disse que as famílias nos assentamentos da reforma agrária estão recebendo atenção desproporcional em relação ao conjunto de agricultura familiar. 'Em 2005, cerca de 500 mil famílias de assentados receberam R$ 100 milhões para assistência técnica, enquanto o conjunto dos agricultores familiares, com 4,2 milhões famílias, recebeu R$ 112 milhões', afirmou.A Contag é a maior organização de trabalhadores rurais e pequenos agricultores do País, com 27 federações e 4.200 sindicatos filiados. Ligada à CUT e próxima do PT, ela também incentiva e promove ocupações de terras pelo País, em defesa da reforma agrária, mas suas atenções são mais voltadas para os trabalhadores rurais assalariados e a agricultura familiar.