De norte a sul do Maranhão, as opressões físicas e psicológicas causadas aos trabalhadores (as) rurais pelas barbaridades que assolam o campo devido à disputa pela terra, só vêm aumentando no estado. A visão errada de que o desenvolvimento do Maranhão precisa está fundamentado nos grandes empreendimentos, tem sido a principal causa da expulsão de famílias do campo, pois estes Projetos amplamente defendidos por vários empresários e políticos do estado, inclusive os (as) que dão sustentação a base governista, são apontados segunda análise da FETAEMA como responsáveis pela atual situação de tensão no campo maranhense. Tensão visível nesta segunda feira (14) no povoado Vergel a 50 km da cidade de Codó pela equipe da FETAEMA, composta pela secretária de Política Agrária da Federação, Maria Lúcia Vieira, os assessores jurídicos Antônio Pedrosa, Diogo Cabral e de Comunicação, Barack Fernandes, onde foi vista a situação lamentável que se encontram mais de 30 famílias daquela comunidade, que há exatos 29 anos vivem em disputa pela terra, o que já resultou em 3 assassinatos, três tentativas de homicídio e duas ameaçadas de morte. FETAEMA na Luta! Em meio a um clima tenso, com a presença de homens da força tática da Polícia Militar, foi celebrada uma missa em memória a morte do trabalhador rural, Raimundos Chagas, assassinado por jagunços há três anos nas imediações de onde foi realizado ontem (14) o ato religioso. Nas falas emocionadas, apesar da dor da perda de um companheiro de luta, as palavras foram de tornar aquela data em um dia de defesa dos direitos dos (as) que vivem no Vergel. “As mortes e constantes ameaças não podem cair no esquecimento, vamos combater as injustiças. A FETAEMA está com vocês que lutam pela terra e por produção de alimentos. Ainda esta semana enviamos um documento relatando os conflitos agrários no Maranhão a nossa Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG, onde pedimos uma audiência com Ministro da Casa Cível. Pela Reforma Agrária, seguiremos de forma unitária com outros movimentos sociais, a exemplo da Comissão Pastoral da Terra(CPT), Comissão dos Direitos Humanos, Movimento Sem Terra – MST, entre outras organizações do campo”, destacou a secretária de Política Agrária da FETAEMA, Maria Lúcia Vieira. O sentimento de luta foi reforçado pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores (as) Rurais de Codó. “Vamos juntos na luta pela regularização das terras do Vergel. Estamos todos (as) indignados com tamanha violência, onde até para celebrar uma missa é preciso da guarnição da Polícia. Juntos seguiremos no combate a violência no campo de Codó”, Antônio Barros, presidente do STTR de Codó. Lentidão da Justiça A morosidade da justiça foi outro ponto bastante evidenciado nas falas. “Até agora a justiça que deveria defender o direito dos trabalhadores (as) rurais, fez pouco. Faz 29 anos que o processo do Inventário do Vergel rola, e a justiça não foi capaz de julgar o caso. Em conseqüência dessa lentidão, silêncio e ausência da Justiça, são três mortes: João do Lúcio, Alfredo e do Raimundo Chagas e mais três tentativas de homicídios. A grande chaga da justiça no Maranhão é impunidade dos malvados”, denunciou o padre José Wasensteiner, celebrante da missa. A viúva de Raimundo Chagas que acompanhou a missa chorando muito, ainda guarda na memória os dias felizes que viveu com o marido na sua propriedade. “Aqui nós sempre tivemos fartura, o arroz nós armazenávamos de fardos e ainda dividíamos com a comunidade, criávamos bode, galinha, porco, nunca nos faltou nada. Eu nasci e me criei aqui e é aqui que eu quero ficar com meus filhos e netos”, M. S. S, 66 anos. Histórico de Conflito por terra no Vergel! O motivo dos homicídios e tentativas de assassinatos tem como principal motivo as intensas disputas por terra que ocorrem da região desde o ano de 1984, em razão, principalmente, de direitos sucessórios vendidos ilegalmente por alguns herdeiros, mediante falsificação das assinaturas dos demais sucessores e da morosidade do Poder Judiciário, que não conseguiu julgar um inventário aberto no ano de 1984, há exatos 29 anos. Nos últimos dois anos a extração ilegal de madeira aumentou a tensão na localidade! São apontados como principais acusados de tamanha sequência sanguinária, Dário, Adonias e Domingos Garimpeiro, que estariam a serviço de Políticos do estado. Ainda são acusações que pesam contra Garimpeiro, várias tentativas de intimidação, queimada da capela do Vergel, derrubada de árvores frutíferas, disparos de tiros com armas de grosso calibre, morte de animais e ainda a proibição das mulheres da comunidade de quebrarem coco babaçu nas matas. FONTE: Assessoria de Comunicação da FETAEMA - Barack Fernandes