A luta dos trabalhadores acampados em Belo Monte começa a dar resultados. O governo federal receberá na semana que vem comissão de 20 trabalhadores(as) rurais da região oeste do Pará para negociar as demandas da comunidades afetadas pela construção da Hidroelétrica de Belo Monte. Nas próximas segunda-feira e terça-feira, dias 25 e 26 de maio, o vice-presidente do INCRA, representantes da Secretaria Geral da Presidência da República, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e de outros órgãos do governo receberão a comissão. Os trabalhadores também exigem a participação do presidente da Norte Energia S/A, consórcio responsável pela construção da usina.
No dia 17 de maio, como parte das manifestações do 21º Grito da Terra Brasil, cerca de 600 manifestantes interditaram o quilômetro 27 da BR 230, via que afeta o coração da obra da usina, entre Altamira(PA) e Belo Monte. Desde então eles estão acampados no local, onde o conflito com as forças do governo resultou na morte de um agricultor e uma agricultora e em ferimentos graves em um adolescente. O governo então decidiu chamar os trabalhadores(as) para Brasília, para negociar as demandas. "Nós viemos para cá, mas os trabalhadores ficaram acampados. Nós desobstruímos a rodovia, mas ficamos na margem da estrada, aguardando as repostas das negociações que acontecerão na próxima semana. Se for necessário, nós fecharemos a pista de novo", afirma o coordenador da regional da Fetagri-PA Regional Transamazônica e Xingu, José Aparecido dos Santos, o Cidão.
Mais de 100 mil trabalhadores(as) rurais, pescadores, ribeirinhos, indígenas e também trabalhadores urbanos serão afetados pelas obras da Hidrelétrica de Belo Monte. Para minimizar os prejuízos que a construção e o alagamento do território causará para a população local, o consórcio Norte Energia deve executar 40 ações de contrapartida social exigidos do consórcio Eletro Norte. No entanto, os trabalhadores(as) afirmam que essas contrapartidas, as chamadas condicionantes, não estão sendo satisfatoriamente executadas. O consórcio precisa construir escolas, postos de saúde, realocar comunidades, fazer obras de saneamento básico e executar várias outras ações para minimizar o impacto causado pelo empreendimento. Pouco está sendo feito.
"A construção de Belo Monte está sendo realizada num ritmo acelerado, mas as condicionante não estão no mesmo ritmo. Precisamos lutar para que as ações sejam tomadas antes do início do funcionamento da usina, pois depois do enchimento dos lagos alagado os prejuízos serão deixados de lado e os agricultores(as) terão prejuízo. Por isso a gente quer discutir com o governo questões cruciais como regularização fundiária, definição de áreas indígenas, educação, infraestrutura e uma série de outros pontos, afirma José Aparecido.
FONTE: Assessoria de Comunicação CONTAG - Lívia Barreto