As políticas públicas voltadas para as mulheres ainda não atendem de forma eficiente às trabalhadoras rurais. Essa foi uma das principais reclamações das mulheres no segundo dia da 4ª Plenária Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais, que ocorre até amanhã (13) em Luziânia.
As participantes assistiram à exposição das políticas do governo federal voltadas para as mulheres, como o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. Este Pacto prevê a instalação nos estados e municípios de serviços de atendimento às mulheres em situação de violência.
A coordenadora estadual de mulheres da Federação do Rio Grande do Sul, Lérida Pavanelo, lembrou que apesar dos avanços nas políticas federais para as mulheres, elas não chegam ao campo. "Infelizmente, essas políticas só ocorrem no papel e ainda não contemplam as mulheres do campo", disse.
Exemplos de serviços que não atendem às trabalhadoras rurais são os de atendimento às vítimas de violência. Por morarem em locais distantes das cidades e muitas vezes sem condições financeiras para se deslocarem, elas ficam sem opções quando precisam de ajuda. "A maioria das mulheres não têm um atendimento que facilite ou a incentive a denunciar a violência, tanto nos serviços de saúde ou nas delegacias", destacou a coordenadora de mulheres da Regional Cariri da Federação de Trabalhadores na Agricultura do Ceará (Fetraece), Zildete Costa.
A dirigente sindical explicou que em todo estado do Ceará existem apenas cinco delegacias de atendimento à mulher. Em alguns municípios faltam até delegacias de polícia civil e para denunciar casos de violência, muitas mulheres precisam se deslocar até municípios maiores.
Debates - Na última atividade de ontem (11), as participantes responderam a uma pesquisa sobre violência nos espaços domésticos e no movimento sindical das trabalhadoras e trabalhadores rurais (MSTTR). O resultado subsidiará ações contra a violência pela Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais e pelas Comissões Estaduais. "A pesquisa aborda elementos da violência praticada contra mulheres em espaços de poder, que precisam ser denunciadas. Para combater o problema, os dirigentes devem se conscientizar e reorganizar sua postura política sobre a problemática", avalia Carmem Foro, coordenadora da Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais e vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).Hoje (12), as participantes da 4ª Plenária relembrarão a organização e luta das mulheres no MSTTR e discutir sobre os avanços e desafios que elas têm, com enfoque na atuação das comissões estaduais e a nacional. FONTE: Ciléia Pontes, Agência Contag de Notícias