O s relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) apresentaram muitas incertezas sobre o panorama climático futuro e, principalmente, no tocante à atribuição de responsabilidades pela alteração do clima a partir das atividades humanas prejudiciais à saúde do planeta. Os relatórios do IPCC têm fundamentado a simulação de cenários de impactos na agricultura. A vulnerabilidade torna-se mais agravante nos países em desenvolvimento, que de maneira geral são fortemente dependentes da atividade agrícola, seja ela de subsistência ou base da economia nacional.
As previsões preveem que o aumento da temperatura no país vai diminuir a área favorável aos cultivos de soja, café, milho, arroz, feijão e algodão. Isto pode representar um prejuízo de R$ 7,4 bilhões já em 2020. Nesse sentido, a geografia da produção agrícola brasileira vai mudar radicalmente nos próximos anos e os impactos serão profundamente sentidos na agricultura familiar.
Haverá aumento das chuvas em curtos períodos, inundações e acentuação da seca no inverno, prejudicando mais as espécies perenes que teriam maior dificuldade em suportar a falta d’água em relação às culturas anuais. Segundo a secretária de Meio Ambiente da CONTAG, Rosicléia Santos Azevedo, se confirmadas estas tendências, haverá deslocamento no uso da terra (queimadas e desmatamentos), flutuação no balanço hidrológico expressas em inundações e secas severas e, conseqüente, aumento dos processos de desertificação. MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO O Brasil é o 5º maior emissor de gases de efeito estufa e a mudança do clima é urgente e requer um esforço global. O país assumiu o compromisso nacional voluntário em reduzir entre 36,1% e 38,9% as emissões projetadas até 2020 (Lei 12.287/09). O Plano Setorial da Agricultura (Agricultura de Baixo Carbono – ABC) prevê um conjunto de ações de adaptação para a agricultura familiar por meio de pesquisa, zoneamento agrícola, seguro, diversificação da produção, gestão da água, pagamento por serviços ambientais e adoção de políticas de prevenção de desastres, entre outros.
“O movimento sindical necessita urgentemente incorporar a dimensão da temática ambiental em suas ações, especialmente no âmbito da formação, da política agrícola e da ocupação agrária, buscando promover discussões e estratégias conjuntas a fim aprimorar as políticas públicas ao evidenciar a capacidade da agricultura familiar em se transformar na principal ferramenta de uma nova relação com a natureza e no uso racional dos recursos naturais”, disse Rosy. FONTE: Imprensa CONTAG