Referendada pelos 500 delegados e delegadas, a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) divulgou há poucos dias, a Carta Política do X Encontro Nacional da ASA (EnconASA). A leitura do documento marcou a plenária de encerramento do encontro, em Piranhas (AL), que teve como tema “Semiárido Vivo: Por justiça socioambiental e democracia participativa”.
Pela primeira vez, além de contemplar os povos do Semiárido brasileiro, o manifesto engloba a colaboração com os povos das regiões semiáridas da América Latina e da África representados por camponeses da Argentina, Bolívia, Burkina Faso, El Salvador, Guatemala, Honduras e México. A carta será finalizada pela comissão responsável e, em breve, divulgada oficialmente nos canais da ASA.
Diversidade na resistência
Destacando a diversidade desta edição, que teve participação de indígenas, quilombolas, pessoas LGBTQIAP+, pessoas idosas, juventudes, população ribeirinha, povos e comunidades tradicionais, a Carta Política do X EnconASA celebra os 25 anos da ASA. Nessa perspectiva, o texto valoriza o legado da convivência com o Semiárido e o fim da estigmatização da seca.
A carta ainda destaca a política pública do Programa Cisternas. A partir desse projeto de democratização do acesso à água para consumo humano vieram novas iniciativas, estas com foco na produção de alimentos e geração de renda no Semiárido, servindo de modelo para países do mundo todo.
“Ao completar 25 anos, a ASA reafirma seu papel como protagonista na construção de um Semiárido justo, sustentável e democrático. Conclamamos a sociedade civil organizada e o governo federal a se unirem nesta jornada por um futuro digno para as gerações presentes e futuras do Semiárido brasileiro”, diz a carta.
Um novo Semiárido para novos desafios
As expectativas para o Semiárido do futuro são apontadas na Carta Política do X EnconASA que elenca os dois novos projetos recém-lançados – Programa Um Milhão de Tetos Solares (P1MTS) e Programa de Saneamento Rural. O texto também enumera 12 pontos que a rede, com mais de 3 mil organizações da sociedade civil, assume como compromisso para os próximos anos.
“Está comprovado que a convivência com o Semiárido desenvolve a região, incluindo e respeitando seu povo e sua capacidade de luta e interferência política. Não aceitamos o retorno das políticas de combate à seca. Repudiamos o olhar sob a perspectiva de um território rico porque tem sol e ventos em abundância e água para produção de commodities e não de alimentos”, reforça o documento.
Por fim, a Carta Política do X EnconASA reivindica uma maior participação do Semiárido nos orçamentos públicos municipais, estaduais e federal, e reafirma a necessidade de ampliar os projetos que fortalecem a agroecologia e a agricultura familiar como pilares do desenvolvimento sustentável. Dessa forma, o manifesto responde aos desafios da crise climática alinhado ao Pacto Global contra a Fome e a Pobreza.
Por Kleber Nunes | Asacom