A Contag cobra do governo federal mais vontade política para acabar com a greve dos servidores do Incra que já dura mais de dois meses e torna ainda mais lenta a reforma agrária no Brasil. Entre janeiro e junho, o instituto desapropriou 105,8 mil hectares, suficientes para assentar apenas 3.100 famílias. No mesmo período do ano passado, o Incra tinha desapropriado 129,4 mil hectares.
Os números preocupam a Contag e na opinião do secretário de Política Agrária e Meio Ambiente da Contag, Paulo Caralo, a questão não é prioridade para o governo. Prova disso é a ausência do tema na agenda do desenvolvimento econômico, social e ambiental do País. "Após o anúncio do PAC, o governo tem dado prioridade ao agronegócio e o exemplo claro é a intransigência na negociação com os funcionários do Incra".
Para Paulo Caralo, isso também é percebido nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário que não avançam nas pautas do desenvolvimento. "Com isso, a reforma agrária não acontece. Os movimentos sociais devem tomar providências no processo de organização e mobilização para fazer esse enfrentamento", aponta.
Justificativa - Segundo o presidente do Incra, Rolf Hackbart, a greve dos servidores e a demora nas mudanças de cargos na autarquia e no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) foram os motivos que contribuíram para um número tão baixo de desapropriações. "A meta de assentar 100 mil famílias neste ano está mantida. A pauta dos servidores é justa, mas não havia razão para parar o trabalho, até porque acabamos de negociar o Grito da Terra da Contag e não estamos conseguindo firmar os acordos com os movimentos sociais", citou o presidente afirmando que mais de R$ 80 milhões estão parados nas superintendências regionais do Incra, disponíveis para o crédito de instalação dos assentamentos.
De acordo com Rolf, o Incra está empenhado em firmar um acordo para melhorar as condições de trabalho dos servidores e o retorno imediato ao trabalho, 70% dos funcionários estão em greve.
Fonte: Vanessa MontenegroAgência Contag de Notícias