Lideranças sindicais, representantes dos trabalhadores rurais presos na Operação Gaia I, que se refere ao conflito agrário ocorrido na área denominada Fazenda Dois Pinguins, no município de Chupinguaia, avaliaram como favorável a audiência de instrução e julgamento do caso, realizada ontem (23), na 2ª Vara Criminal de Vilhena. De acordo com os representantes e a defesa, composta pelos advogados Romilson Fernandes da Silva, José Sebastião da Silva e Telma da Cruz, ficou demonstrado que não há provas nos autos que justifiquem a manutenção das prisões e muito menos uma sentença condenatória. A defesa alegou crime político, diante de análise do processo. A audiência aconteceu a exatos 140 dias do encarceramento do sindicalista Udo Wahlbrink, do vereador Roberto Pinto e mais dois presidentes de associações de trabalhadores rurais, presos sob acusação de perturbação da ordem pública, esbulho, formação de quadrilha e cárcere privado. Os acusados foram ouvidos, em depoimento, pela juíza Liliane Pegoraro, que preside o inquérito. Outros trabalhadores rurais que respondem acusações em liberdade também foram ouvidos e serão julgados. Udo Wahlbrink Em relação ao presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Udo Wahlbrink, todos os depoimentos, tanto dos outros quatorze acusados ouvidos, quanto das testemunhas do Ministério Público, não ficou comprovada nenhuma participação ou ligação dele com a tentativa de reocupação, nem mesmo indiretamente e à distância. Constata-se que o suposto crime de Udo é a sua atuação junto aos trabalhadores rurais que reivindicam Reforma Agrária e outras políticas públicas para a agricultura familiar. Durante a audiência foi reiterado pedido de liberdade provisória ao Udo, mas que foi indeferido nesta manhã pelo Ministério Público. O Caso O Caso refere-se ao conflito agrário, ocorrido na área denominada Fazenda Dois Pinguins, que era ocupada à cerca de oito anos por dezenas de famílias de trabalhadores rurais e que sofreu ação de reintegração de posse em favor de um fazendeiro; mesmo sendo objeto de uma ação judicial de retomada das terras, ingressada pelo Incra, em 2004, devido o não cumprimento das cláusulas resolutivas que estabelece que o fazendeiro deveria constituir benfeitorias na propriedade. A ação das autoridades de Vilhena criminalizou estes trabalhadores, com a intenção de intimidar os movimentos sociais que defendem a Reforma Agrária. Tais fatos foram comprovados pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, cujo relatório aponta abuso destas autoridades. Apoio A situação motivou a Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia (FETAGRO), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Vilhena/Chupinguaia a manifestar apoio a Udo Wahlbrink, preso injustamente há mais de quatro meses. As entidades também pediram providências a Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Rondônia. (OAB/RO) e Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em relação às constatações de abusos; e denunciam ação discriminatória e criminalizadora do Poder Público na Região do Cone Sul. “A ação das autoridades de Vilhena criminaliza estes trabalhadores, com a intenção de intimidar os movimentos sociais que defendem a Reforma Agrária. Por isso manifestamos nosso apoio e solidariedade ao presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vilhena, Udo Wahlbrink, porque compreendemos ser justa a luta pela terra por meio da reforma agrária”, ressaltou Itamar Ferreira, presidente da CUT/RO. FONTE: Assessoria FETAGRO/CUT-RO