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ENTREVISTA
Assalariados rurais: a precariedade permanente
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25 de Julho de 2013

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entrevista

A Rel-UITA entrevistou a Elias D’Angelo, brilhante integrante da diretoria nacional da Confederação Nacional de Trabalhadores da Agricultura (CONTAG), para conhecer suas análises e desafios frente a Secretaria de Assalariados rurais.

- Qual é a principal problemática que enfrentam os assalariados rurais no Brasil?

Existem dois grandes problemas: a informalidade, que afeta a mais de 60% dos assalariados rurais e os exclui das políticas públicas e de muitos direitos, como por exemplo a Previdência Social; e a mecanização do trabalho rural, não pela mecanização em si mesma, mas sim, pela falta de capacitação dos trabalhadores para enfrentar a nova realidade laboral que exige um mínimo de escolarização. Muitos deles são analfabetos, o que torna ainda mais difícil sua formação profissional, sendo este um dos principais obstáculos que enfrentam. - Com 60% dos trabalhadores rurais na informalidade, estamos falando de milhões de pessoas…

Sim, são mais de 3 milhões de trabalhadores rurais nesta situação. - Mais o trabalho escravo…

Em todos os estados do Brasil existe trabalho escravo. Há uma lista atualizada de 500 empresas onde foram detectados métodos de trabalho análogos à escravidão. Quanto mais exploram os trabalhadores, mais ganham. O lucro determina as condições de trabalho nas grandes companhias, e a falta de fiscalização do Estado dificulta que estas condições de trabalho análogas ao escravo sejam punidas. - Existem listas negras…

Sim, mas além de estar na lista negra, as empresas devem ser condenadas na esfera Criminal, para que os responsáveis por promover o trabalho escravo não paguem apenas uma multa, mas sim, que sejam presos. Que acabe de uma vez a impunidade que favorece a reincidência no crime, tornando cada vez mais difícil o combate a este flagelo. Faz 14 anos que o Ministério do Trabalho começou um programa de combate ao trabalho escravo, e, entretanto, está longe de ser eficaz. Pelo contrário, o problema se agrava cada vez mais, principalmente devido a inoperância do próprio governo, e os trabalhadores continuam sendo vítimas deste flagelo. -Não obstante a impunidade, outro fator que incide na precarização do trabalho rural é a falta de liberdade sindical. Concorda com essa avaliação?

É certo, é difícil organizar-se sindicalmente em muitos estados do nosso país, porque existe um autoritarismo indisfarçável por parte do setor empresarial, e isso não tem sido possível mudar, inclusive depois de décadas de democracia. Também existe uma quota de responsabilidade de nossa parte, temos algumas deficiências para corrigir. Existem municípios muito distantes e isolados aos quais não temos acesso, e isso favorece a exploração do povo. -Como evalia a possibilidade de um trabalho junto com a Rel-UITA e com a OIT?

Considero que é muito importante para os trabalhadores contar com este tipo de alianças para a defesa dos direitos fundamentais dos trabalhadores. A UITA, particularmente, nos posiciona a nivel internacional e nos permite discutir, dentro e fora do Brasil, as condições de trabalho para poder melhorar dia a dia a qualidade de vida dos trabalhadores rurais em nosso país, e isso devemos aproveitar ao máximo.

Para acessar a entrevista em espanhol, no site da Rel-Uita, clique aqui

FONTE: Rel-UITA - Gerardo Iglesias



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