O índice de inflação foi negativo pelo segundo mês consecutivo. Tivemos uma deflação. A queda se concentrou novamente nos combustíveis e energia elétrica, itens com grande peso no índice geral. Mas, a grande maioria dos produtos registrou alta ou teve queda tímida perto das altas registradas nos meses anteriores. O índice da inflação mensal acumulado neste ano até agosto mostra o tamanho da preocupação dos brasileiros e brasileiras e do desafio do governo e do Banco Central para controlar a inflação.
Grande parte dos itens ligados à alimentação e à agricultura subiram muito acima do índice geral, principalmente aqueles industrializados. O caso mais gritante é o do leite - principalmente leite longa vida - e seus derivados, como a manteiga e a margarina. O feijão carioca subiu muito também, assim como as farinhas de trigo e de mandioca. As grandes baixas ficaram por conta do tomate e do feijão preto. O gráfico abaixo traz alguns itens selecionados pesquisados pelo IBGE em quase todos os estados.
O efeito da queda do preço da gasolina, do álcool e da energia elétrica devem passar a partir do próximo mês, quando alguns analistas ainda preveem deflação. O que tem preocupado é se essa deflação vai ser transmitida para os outros produtos. O problema é que grande parte da produção agrícola e do transporte de alimentos e de outros produtos é feito por meio de veículos que utilizam óleo diesel e este manteve seu preço, acumulando alta de 34,3% no ano.
O alívio da inflação não tem sido percebido pela maioria dos brasileiros e brasileiras pois, além da inflação dos alimentos, muitos produtos básicos de limpeza e higiene pessoal estão em alta. O sabonete subiu mais de 20% no ano, até agosto. O sabão em pó mais de 17% e o sabão em barra mais de 9%, enquanto o índice geral ficou em 4,4% no acumulado no ano até agosto, quando o índice mensal caiu -0,36%. Os preços dos medicamentos também permanecem altos, agravados pelo desmonte do programa Farmácia Popular.
O resultado geral acima levou o presidente do Banco Central a falar que a guerra contra a inflação não acabou e que a missão do BC de levar o índice para a meta ainda terá muitas batalhas pela frente.
Fonte: Subseção DIEESE/CONTAG – Alexandre Ferraz