Entender a agricultura familiar como fonte de qualidade de vida de nossa sociedade. Esse foi um dos tons da discussão do Grupo 2, que trabalhou, na tarde de hoje, a Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, Agroecologia e Meio Ambiente. Na pauta, o aprofundamento do modelo de produção sustentável do Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, respaldado pelo Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS). Esse modelo de produção sustentável busca reconhecer e respeitar as demandas regionais, a relação com o meio ambiente, e implementar o processo de transição agroecológica a fim de garantir o direito à soberania e segurança alimentar das pessoas. Porém, ficou claro, para os delegados e delegadas, que tudo isso requer uma construção estratégica de políticas e práticas.
“É muito importante aprofundar esse tema, porque muitas pessoas, no Brasil, não valorizam a agricultura familiar, que tem como perfil a produção de alimentos com qualidade. Esse é o nosso diferencial”, afirma a delegada Jenir Neves Silva.
O delegado João Batista Neto concorda com essa afirmação e acrescenta: “Só discutindo podemos encontrar a solução para os problemas que temos na agricultura familiar. Vamos levar, também, o que estamos debatendo aqui para as nossas comunidades, evitando que os erros continuem”. O grupo também refletiu que, para obter soberania alimentar, é preciso realizar a reforma agrária e possibilitar o acesso à terra e aos demais meios de produção, preservando o direito e a autonomia dos povos e nações de defender sua cultura alimentar e formas de produzir. Nesse sentido, a agroecologia é apontada como a grande alternativa ao modelo de produção hegemônico, já que ela se propõe a respeitar a diversidade das tradições, saberes, culturas, bem como a proteção da sociobiodiversidade, entre outros pontos. O texto estudado e discutido pelos delegados(as) também destaca os males que os agrotóxicos causam à saúde, que são irreparáveis, sobretudo quando se fala da produção e do consumo de alimentos. Um dos destaques, inclusive, é para o fato de o agronegócio ter uma proposta no Congresso Nacional que objetiva a flexibilização do registro desses venenos. Meio Ambiente A compreensão do rural para além da produção agrícola exige dos homens e mulheres do campo uma preocupação com a questão ambiental. Nesse sentido, a conservação e preservação dos bens naturais parte também da luta por um modelo de educação e produção que repense os padrões de consumo. Um dado importante é que o Brasil é o 56º país que mais consome bens naturais acima do que o planeta é capaz de repor. Se pegarmos a questão da água, por exemplo, vale lembrar que produção agropecuária é a responsável pelo uso de 72% da água utilizada no nosso País. “Foi muito rico o resultado do trabalho do nosso grupo porque ele reafirma a orientação do MSTTR de um modelo de agricultura familiar com base na agroecologia e na soberania alimentar”, analisa o vice-presidente da CONTAG e secretário de Relações Internacionais da CONTAG e coordenador do grupo, Willian Clementino Matias. FONTE: Assessoria de Comunicação do 12º CNTTR - Ana Célia Floriano