A indignação com o baixo preço do leite pago pelas indústrias levou os produtores do extremo-oeste catarinense a protestarem. Cerca de dois mil agricultores fecharam, na semana passada, o trevo de acesso ao município São José do Cedro, na BR 163.
Na manhã da quinta-feira (6), os produtores de leite ficaram em frente à empresa Lacticínios Cedrense. Com a manifestação, os empregados da companhia decidiram não trabalhar. Os caminhões com produtos lácteos não puderam circular e o leite recolhido nas propriedades da região não pôde ser entregue às indústrias localizadas no município.
A mobilização foi organizada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Santa Catarina (Fetaesc) em parceria com os Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRs) da microrregião de Três Fronteiras. O comércio e órgãos públicos dos municípios de Princesa, São José do Cedro e Jaraguá do Sul também apoiaram a manifestação.
A comissão que representará os produtores entregou a pauta de reivindicação da categoria às empresas de lacticínios da região. Também definiu o prazo para as indústrias apresentarem sua contraproposta: dia 15 de novembro. Se não se posicionarem no tempo determinado, os agricultores familiares interromperão a entrega de matéria-prima.
O coordenador dos sindicatos da microrregião Três Fronteiras, Joel Moura, lembra que sem os produtores, as indústrias de lacticínio serão prejudicadas. "As empresas se eximem de qualquer responsabilidade e transferem ao governo as providências pela queda de preços. No entanto, é preciso entender que sem produtor, sem matéria-prima, não existe indústria".
Negociação - Dirigentes da Fetaesc e da Contag estiveram há cerca de quinze dias em Brasília para negociar com o governo medidas para acabar com a queda no preço do leite pago ao agricultor. "O governo sinalizou com algumas medidas, mas até agora só temos promessas", reclama o diretor da base oeste da Federação, Ítalo Zanelatto.
A indústria paga menos ao agricultor e cobra mais do consumidor. Em média, os produtores recebem R$ 0,45 pelo litro, enquanto os custos de produção são de R$ 0,52. O preço de referência de R$ 0,60 não é cumprindo e o preço do leite chega a R$ 1,50 no mercado. "O que o agricultor recebe com a venda do leite não é suficiente para a manutenção das vacas, e muito menos para pagar os financiamentos feitos para melhorar a qualidade e a produtividade", argumenta Zanelatto. FONTE: Fetaesc