Trabalhadores e trabalhadoras rurais dos municípios de São Benedito do Rio Preto, Urbano Santo e Belágua, no Maranhão, participam hoje (28) de uma audiência pública para discutir o impasse criado pela posse de terras na região. Mais de duas mil pessoas estão sendo ameaçadas de expulsão por grupos que querem plantar cana em áreas onde há famílias de agricultores instaladas há várias gerações.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Maranhão (Fetaema), Francisco Sales de Oliveira, explica que as terras em questão, aproximadamente 26 mil hectares, pertencem ao Estado. Segundo ele, há alguns anos um grupo de São Paulo tenta expulsar os agricultores e demarcar a área. "Os trabalhadores já fizeram protestos, ocuparam rodovias, já denunciaram e até agora nenhuma providência foi tomada", diz Oliveira.
A audiência pública para debater o problema será em São Benedito do Rio Preto. A Fetaema e STTRs da região, junto com outras entidades, querem saber do Incra regional, Instituto de Terras do Maranhão e Ministério Público que providências serão tomadas para resolver o impasse. "Queremos uma solução o mais rápido possível, de modo que as famílias voltem a ter tranqüilidade".
O presidente da Fetaema conta que o clima na região é tenso, porque os agricultores estão recebendo ameaças de empresários, dizendo que vão demarcar as terras "de qualquer jeito" e as famílias terão que sair das terras. Ele afirma que as famílias vão resistir, pois trabalham nas terras há cerca de um século.
Mais conflitos - Audiência pública também foi o caminho encontrado por trabalhadores rurais da comunidade de Santa Rita, região do município de Codó, para resolver um impasse na região. Eles são ameaçados de expulsão pela família Reis, que reclama a posse das terras, cerca de 4.552 hectares demarcados pelo Incra. O encontro aconteceu ontem (27).
Foi a segunda tentativa de acordo entre a família Reis e os agricultores. O acordo proposto não agrada aos trabalhadores. Os proprietários aceitam vender somente 200 hectares para os trabalhadores rurais, área considerada muito pequena para o cultivo. Em janeiro deste ano, segundo a Fetaema, as famílias entraram em conflito com a polícia, que a pedido da família Reis, ocuparam as comunidades e impediram os agricultores de começar a plantação. FONTE: Ciléia Pontes e assessoria da Fetaema