Todos os dias, uma quantidade alarmante de mulheres, jovens e meninas é submetida a alguma forma de violência, seja assédio, exploração sexual, estupro, tortura, violência psicológica, agressões por parceiros ou familiares, perseguição e feminicídio.
Segundo o estudo mais recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública sobre feminicídios, em 2021, uma mulher era assassinada, em média, a cada sete horas no país, só pelo fato de ser mulher.
No primeiro semestre de 2022, a central de atendimento da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH) registrou 31.398 denúncias e 169.676 violações envolvendo a violência doméstica contra as mulheres.
Os tipos de violência são: física, sexual, psicológica, patrimonial e moral. E todos podem e devem ser denunciados.
A conexão entre violência e as relações marcadas pelas diferenças de gênero está presente no cotidiano das mulheres do campo, da floresta e das águas, seja na organização do espaço produtivo, no processo de tomada de decisões sobre o que produzir e como produzir, que quase sempre é centralizado na figura do “chefe de família”. Também se manifesta na divisão do trabalho doméstico; na desvalorização e invisibilidade do trabalho feminino; na postura do Estado quando reforça essa visão, retirando ou negando às mulheres agricultoras familiares políticas públicas específicas para produção; e na sua forma mais evidente, essa violência se manifesta fisicamente sobre os nossos corpos, e sobre os territórios onde vivemos.
No Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, a CONTAG entende que a violência contra as mulheres é um debate importantíssimo e urgente, sobretudo, em um contexto político ainda presente de forte ameaça à democracia e de desmonte dos direitos e das políticas públicas, o que intensificou desigualdades já existentes no País. “Essa situação deixou todas nós mulheres com maior vulnerabilidade econômica, contribuindo significativamente para a vulnerabilidade dos nossos corpos, deixando-os mais expostos à violência física e a outras formas de violência”, explicou Mazé Morais, secretária de Mulheres da CONTAG.
Para destacar alguns dos desmontes que impactam diretamente nesse cenário de violência contra as mulheres, o Fórum Nacional de Elaboração de Políticas para o Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo e da Floresta, cuja criação e funcionamento foi uma conquista da Marcha das Margaridas, não existe mais.
Foi através desse Fórum que elaboramos e inserimos diretrizes na Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as mulheres voltadas para o atendimento das mulheres rurais. E as 54 Unidades Móveis entregues em áreas rurais, desde 2013, para o atendimento às mulheres em situação de violência, incluindo unidades móveis pluviais para Região Amazônica, como resposta a pauta da Marcha das Margaridas, também não mais se encontram em seu pleno funcionamento.
Portanto, a violência que, principalmente nos últimos anos, tem marcado os nossos territórios rurais em decorrência do agravamento dos conflitos agrários e ambientais, avança sobre os corpos das mulheres de forma mais contundente e cruel. “Os conflitos agrários geram insegurança, medo e violência nas nossas famílias agricultoras, em especial, na vida de nós mulheres e das nossas crianças. Afinal, somos as responsáveis pelo cuidado dos nossos territórios. Também somos nós que estamos na vanguarda da luta pelos bens comuns. E reafirmamos essa luta a cada Marcha das Margaridas. Portanto, neste dia 25 de novembro, a CONTAG e a Marcha das Margaridas dizem: BASTA DE VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES”, reforçou Mazé.
Fonte: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Verônica Tozzi, com informações da Secretaria de Mulheres da CONTAG.