Painéis temáticos, que trataram as mais diferentes questões relacionadas à vida do jovem rural, dinamizaram a tarde de hoje no 3º Festival da Juventude Rural. Em dois deles, a realidade da agricultura familiar e do assalariamento rural foram debatidos, a partir de experiências vivenciadas pela própria juventude, inclusive, identificando especificidades regionais.
Trabalho Decente – No painel Trabalho Decente para a Juventude Rural, a realidade dos assalariados e assalariadas rurais da fruticultura do Vale do São Francisco, na Bahia, e do setor Sucroalcooleiro, de Goiás, foram expostas pelos jovens Almir Santos e Andreivite Clemente da Silva, respectivamente.
Nas falas, foram enfatizadas a importância de se ter um Sindicato forte e de se assegurar a participação do delegado sindical, na luta pelo cumprimento das Convenções Coletivas de Trabalho.
Também foi destacada como fundamental a construção coletiva das campanhas salariais, contando com a presença dos trabalhadores e trabalhadoras rurais em todo o processo: construção da pauta, negociação e avaliação dos resultados.
Dado importante - Hoje, dos 4,1 milhões de assalariados rurais do país, 2,5 milhões estão na informalidade (60,1%). Em alguns estados, esse percentual chega a mais de 90%.
Para o secretário de Assalariados/as Rurais da Contag, Elias D’Ângelo Borges, as apresentações mostraram a importância de o Sindicato garantir sua representatividade e que, para isso, é preciso envolver cada vez mais os trabalhadores/as. Ele analisou também: “Em uma negociação coletiva, é necessário entender o que é do coletivo e o que é específico. E esse é um desafio. Por exemplo, a vida das mulheres na lavoura, é diferente da realidade dos homens. Então, é preciso estar atento para isso.”
Contribuíram também com o painel, o representante da OIT (Organização Internacional do Trabalho) , Antônio Carlos, e o pesquisador da Universidade Federal de Campina Grande (PB) , Maciel Cover, que também integra a Pastoral da Juventude Rural.
Sucessão Rural – Outro painel debateu a Sucessão Rural, na Perspectiva de Gênero e Geração. Nele, as jovens André Finatto, de Santa Catarina, abordou a temática Mulheres Jovens na Produção Familiar; e Claudielma Lima de Araújo, do Maranhão, falou sobre o Projeto Juventude e Gênero no Campo . Nos dois casos, ficou claro que só será possível assegurar a permanência dos jovens no meio rural, se forem dadas as condições necessárias para que esse jovem possa viver e produzir.
A necessidade de se garantir o protagonismo e autonomia da juventude na organização da produção; a importância da assistência técnica; e a força que tem o Movimento Sindical para assegurar políticas públicas para a agricultura familiar, foram questões fortes tanto nas exposições das jovens, como nos debates.
A secretária de Mulheres da Contag, Alessandra da Costa Lunas, disse estar surpresa com a grande quantidade de participantes no painel. “Isso mostrou que a nossa decisão de realizá-lo foi acertada, e que conversando com a juventude a gente pode fazer a diferença. Essa é uma oportunidade impar de a gente ganhar esses jovens, para a construção de uma relação de gênero mais igualitária.”
Já a secretária da Terceira Idade, Lucia Maria Santos de Moura, lembrou que hoje existe um Movimento Sindical novo, no que diz respeito a esse debate entre as gerações. “A gente precisa que a terceira idade dialogue com a juventude, para que ela permaneça no campo, não por obrigação, mas dentro de um contexto que assegure uma permanência com qualidade de vida. Por isso, esse painel é tão importante”. FONTE: Assessoria Comunicação CONTAG- Ana Célia