Pouca terra, boa renda e venda garantida da produção são as três principais razões que levam os agricultores familiares de Santa Catarina a plantarem tabaco em suas propriedades. Os dados são da pesquisa de campo realizada nos meses de julho e agosto pelos dirigentes e funcionários do Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais de Santa Catarina. Foram entrevistados 576 produtores, nos 51 municípios principais produtores de tabaco, utilizando-se na escolha dos entrevistados o sorteio aleatório. “Estes fatores indicam que o agricultor opta por segurança e atividades de alta densidade econômica”, comenta o assessor de política agrícola da Fetaesc, Irineu Berezanski, que há três anos coordena a realização dessa pesquisa. Conforme seus cálculos cultivar tabaco continua a ser um bom negócio para os agricultores familiares que conseguem, em média, obter uma renda mensal de R$ 1.891,33 durante doze meses por propriedade. Ainda segundo o técnico, o objetivo da pesquisa é conhecer os dados reais relacionados à produção de tabaco para formar conhecimento nas tomadas de decisões políticas e de negociação de preço com as indústrias fumageiras. Já em relação às dificuldades, a pesquisa mostra que os produtores apontam para o clima desfavorável, seguido do alto preço dos insumos e da falta de mão-de-obra. Atualmente existem no Estado de Santa Catarina 55.160 produtores de tabaco. Observa-se que houve uma redução no número de produtores em relação à safra passada, que foi de 58.433 produtores. “Há indicativos que se deve, principalmente, pelo fato das indústrias terem como foco a qualidade da produção”, destaca Berezanski. Além disso, a maioria das indústrias está reduzindo a área contratada e o número de produtores tendo em vista o grande volume em estoque no mercado internacional e também em função do valor que o tabaco brasileiro atingiu no mercado internacional, em decorrência da baixa cotação do dólar. Números da pesquisa: Considerando os três principais motivos que levam o agricultor catarinense a produzir tabaco, a pesquisa mostra que a área média utilizada é de 3,8 ha para o tipo Virgínia e 1,5 ha para o tipo Burley e que os preços recebidos tiveram, no último ano, um incremento de 1,2% no tipo Virgínia e de 14,5% no tipo Burley. Verifica-se que o preço médio recebido é diferente nas dez microrregiões de abrangência da pesquisa. Na última safra, a diferença variou em até 16,58% do menor, R$ 5,55, microrregião de Florianópolis para o maior, R$ 6,47, recebido na microrregião Carbonífera. Já em relação às dificuldades apresentadas pelos produtores, o custo de produção por quilo de tabaco para o tipo Virgínea teve uma alta de 12,37% na última safra, acumulando um acréscimo de 42,43% nos últimos três anos. Para o tipo Burley, o acréscimo no custo de produção na última safra foi de 19,13%, acumulando uma alta de 37,54% no período de 2007-2010. “Essa situação preocupa o produtor visto que o aumento do preço foi menor do que o custo de produção. Além disso, também se observou um retrocesso no percentual de aumento dos preços pago ao produtor na última safra”, comenta Berezanski. As negociações entre a representação dos agricultores e das indústrias encerraram sem acordo e sem a assinatura do protocolo que estabelece o preço a ser pago na safra atual. Enquanto as entidades reivindicavam um reajuste entre 19 e 12%, a proposta e o preço praticado pelas indústrias não passou de 10% em relação ao preço da tabela da safra de 2009/10. Ainda em relação aos custos de produção, o preço médio pago na última safra em Santa Catarina por dia do trabalhador rural foi de R$52,00, nos últimos três anos acumula uma alta de 26,83%, já o custo com lenha teve aumento de 34,38% no mesmo período. Esses dois itens são os que mais pesam no cálculo dos custos de produção do tabaco. Bons Resultados: Para o assessor técnico da federação, os dados da pesquisa indicam que nos últimos três anos os resultados por quilo de tabaco produzido “foram promissores”, com crescimento de 64,51% para o tipo Virgínia e de 92,19% para o tipo Burley. No entanto, na última safra houve decréscimo de 44,74% para o tipo Virgínia e de 3,15% para o tipo Burley. Mesmo apresentando esses resultados menores na safra passada, o cultivo do tabaco “é uma oportunidade de renda garantida para os agricultores familiares de Santa Catarina”, destaca Berezanski. Veja outros dados apontados pela pesquisa realizada pelos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais junto aos fumicultores catarinenses. • 52% dos produtores de tabaco têm menos de 32 anos de idade • 82% está na atividade há mais de dez anos. • A produtividade média é de 2.050 kg de tabaco por hectare • A cultura de milho e feijão tem grande importância entre os produtores e a atividade de leite está na preferência de um produtor entre dez. • Na média foram gastos 131 dias/hectare de mão de obra, sendo que a atividade que mais demanda é a colheita, 39 dias em média/há, sendo que 86% é própria e 14% é contratada. A microrregião que mais contrata mão-de-obra é a do vale do Araranguá, 19%. • Os gastos com insumos por kg produzido tiveram acréscimo de 28% no período 2007-2010. No último ano os gastos foram R$ 1,28, ou seja, acréscimo de 50,59% em relação ao ano anterior. • 35% do público feminino jovem pretendem continuar vivendo no meio rural. Ressaltamos que este percentual varia de 18% a 66% dependendo da região no Estado. Observamos que as regiões do Vale do Tubarão, Serrana e Cebola demonstram maior tendência dos jovens permanecerem no meio rural. Já nas regiões Centro Oeste, Baixo Vale do Rio do Peixe, Carbonífera e Florianópolis há menor tendência deste público permanecer no meio rural. FONTE: Comunicação da Fetaesc