A expansão mundial da indústria de biocombustíveis criará oportunidades imperdíveis para o Brasil e outros países da América Latina nos próximos anos, mas um coro crescente de especialistas começa a se preocupar com o impacto que ela poderá ter sobre os preços dos alimentos e regiões do planeta em que a proteção ambiental é muito frágil, como a Amazônia.
O impacto sobre os preços dos alimentos se tornou visível nos últimos meses, quando o crescimento da indústria de etanol nos Estados Unidos fez disparar os preços do milho, principal matéria-prima usada na produção do combustível nos EUA. O fenômeno provocou protestos contra os preços das populares tortilhas no México e queixas de fazendeiros americanos contra o aumento dos preços das rações feitas de milho.
O economista Lester Brown, presidente do Instituto de Políticas para a Terra, acha que isso é apenas o começo. "A produção mundial de grãos tem sido menor do que o consumo nos últimos anos, o que tem provocado uma redução contínua e preocupante dos estoques", disse Brown ao Valor. "Países que dependem de importações para suprir suas necessidades de grãos deverão sofrer com isso."
O aumento da produção de álcool no Brasil e em outros países da vizinhança, onde o combustível é feito a partir da cana-de-açúcar, não deverá ter o mesmo tipo de impacto sobre os preços dos alimentos. Mas Brown e outros especialistas temem que a expansão da cana empurre outras culturas para áreas frágeis como a Amazônia.
Fonte: Agência Cut de Notícias