Operação Arco de Fogo, contra derrubadas na Amazônia, começa hoje em Tailândia (PA), onde empresários lideraram uma revolta contra a apreensão de madeira extraída ilegalmente. Cerca de mil homens serão usados
Marcelo Rocha
Da equipe do Correio
O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, garantiu ontem que a Operação Arco de Fogo, de combate ao desmatamento ilegal no norte do país, será permanente. Nos próximos 30 dias, explicou ele, a ação se concentrará em Tailândia (PA), onde madeireiros organizaram manifestações contra fiscais do Instituto de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) e da Secretaria do Meio Ambiente do Pará (Sema). A operação, no entanto, se estenderá a 36 locais onde o desmatamento atingiu níveis mais críticos.
"A expectativa é o enfrentamento constante, ou seja, vamos fazer esse pronto-atendimento (em Tailândia), mas, contrariando o que muitos pensam, o fato novo é a permanência", afirmou o diretor da PF, durante solenidade na Academia Nacional de Polícia (ANP), em Brasília.
Estima-se que mil homens sejam empregados na ação contra a derrubada clandestina de vegetação. As primeiras equipes chegaram ontem ao Pará e se deslocaram até o município, distante 220 km de Belém. Em Tailândia, há um contingente de 150 homens da Força Nacional, 300 agentes da PF, policiais estaduais, além de técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Os responsáveis pela operação se reuniram ontem à noite para avaliar as condições locais e acertar os detalhes da fiscalização, prevista para começar hoje. As serrarias são os primeiros alvos. Em seguida, a ação será direcionada ao combate ao transporte e corte ilegal de madeira. "Vamos enfrentar o desmatamento e toda a criminalidade correlata a isso. Isso pode refletir até na criminalidade mais comum possível, como fraude, corrupção. Ninguém está livre", explicou Corrêa.
As apreensões e o fechamento de madeireiras e serrarias pelo Ibama ocasionaram uma revolta popular em Tailândia. Cerca de 600 funcionários das empresas interditaram rodovias e depredaram o fórum e a prefeitura local. O protesto durou quase 10 horas. Os fiscais do instituto interromperam a fiscalização. Depois da onda de protestos, a Polícia Militar ocupou a cidade.
Ao todo, houve apreensão de 15 mil metros cúbicos de madeira apreendida no município. No primeiro dia da ação, os alvos foram duas madeireiras, que, juntas, resultaram em uma apreensão de quase 3 mil metros cúbicos de madeira. Desde o último sábado, o produto está sendo transferido para Belém. A previsão é de que o transporte do material leve cerca de um mês.
Leilão
A governadora do estado, Ana Júlia Carepa, anunciou que irá leiloar a madeira apreendida. Segundo ela, os recursos arrecadados serão usados para aparelhar o estado e investir nos locais atingidos pelo desmatamento ilegal. "Eles (os madeireiros) estavam acostumados a ser os fiéis depositários e acabavam utilizando a madeira. Agora, não vão mais utilizar o produto que vem de origem ilegal", disse, depois do lançamento do Programa Territórios da Cidadania, no Palácio do Planalto.
O mesmo procedimento deve ser adotado em relação à madeira ilegal apreendida em futuras operações. No ano passado, o governo do Pará e o Ibama firmaram termo de compromisso para determinar que toda a madeira e demais subprodutos florestais apreendidos no estado fossem doados para a Secretaria de Meio Ambiente, que deve promover leilões administrativos. FONTE: Correio Braziliense ? DF