Brasília - Embora os programas sociais contribuam para reduzir a fome no Brasil, o problema ainda não foi superado. A constatação foi feita hoje (15) pelo vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e integrante do Conselho Nacional de Segurança Alimentar, Alberto Broch, ao destacar a importância da 30ª Conferência Regional da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) para a América Latina e Caribe, que está sendo realizada em Brasília. Para ele, é preciso discutir um novo modelo de agricultura e de desenvolvimento.
Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, Broch citou números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o órgão, há mais de 10 milhões de brasileiros que sofrem sérios problemas de alimentação e subnutrição.
"É verdade que esses números caíram nos últimos anos, mas ainda vivemos grandes contrastes por sermos um dos maiores produtores de alimentos. Nós temos um problema sério para alimentar o nosso povo, como ocorre eventualmente em toda a América Latina ou principalmente em países que são grandes exportadores. Isso é uma vergonha", comentou.
O vice-presidente da Contag destacou que o Brasil tem problemas muito sérios no modelo de agricultura, de desenvolvimento, de distribuição e de nutrição. Isso, segundo ele, precisa ser debatido durante a conferência, que termina na sexta-feira (18).
De acordo com Broch, a FAO contabiliza mais de 800 milhões de pessoas que passam fome no mundo. Segundo ele, desde 1996, a organização aprovou medidas para acabar com a fome nos próximos 20 anos. "Já se passaram 15 anos e, em vez de cair para pelo menos a metade, aumentou o número de famintos no mundo."
Para o vice-presidente da Contag, há um modelo de "desenvolvimento perverso" no mundo. Dos mais de 800 milhões de famintos, ressaltou ele, metade vive nas áreas rurais, mas não tem acesso à terra, ao crédito, às políticas públicas, à educação e à formação.
"Então, nós temos uma proposta muito clara para o Brasil e para o mundo. Para realmente eliminar esse flagelo, é preciso que se discuta um modelo de desenvolvimento. É preciso fortalecer a agricultura familiar, a reforma agrária. É preciso acesso às políticas púbicas, é preciso discutir que agricultura nós queremos para o futuro", ressaltou. FONTE: Agência Brasil - Radiobrás