A pauta da 5ª Marcha das Margaridas está dividida em oito eixos: EIXO I - SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR (LINK:http://goo.gl/7UhlON) EIXO II - TERRA, ÁGUA E AGROECOLOGIA (LINK:http://migre.me/qGq54) EIXO III - SOCIOBIODIVERSIDADE E ACESSO A BENS NATURAIS EIXO IV - AUTONOMIA ECONÔMICA, TRABALHO E RENDA EIXO V - EDUCAÇÃO NÃO SEXISTA, EDUCAÇÃO SEXUAL E SEXUALIDADE EIXO VI - VIOLÊNCIA SEXISTA EIXO VII - DIREITO À SAÚDE E SAÚDE REPRODUTIVA EIXO VIII - DEMOCRACIA, PODER E PARTICIPAÇÃO A partir de hoje vamos falar sobre cada um deles, para que você conheça melhor os temas pelos quais o movimento sindical de trabalhadores e trabalhadoras rurais está lutando para melhorar a vida de nossas mulheres do campo, da floresta e das águas. Eixo II – Terra, Água e Agroecologia Acesso a Terra, Reforma Agrária e Reconhecimento dos Territórios das Comunidades Tradicionais Da história de luta das mulheres por igualdade aprendemos que é fundamental elas terem acesso à terra e decidirem como manejá-la, terem acesso a sementes, água e condições de produzir, e também decidir como comercializar e como o dinheiro será utilizado. A monocultura e a “revolução verde” expulsam as mulheres do campo; a agroecologia reconhece que elas são agricultoras, que coletam e manejam a natureza, que elas, sozinhas ou em grupos produtivos, desenvolvem experiências que devem ser valorizadas, apoiadas e expandidas. Temos visto o avanço do capitalismo financeiro e das empresas transnacionais, sobre todos os aspectos da agricultura e do sistema alimentar dos países e do mundo. A ofensiva do capital sobre os bens naturais: expulsão de camponeses e camponesas, comunidades indígenas, a expropriação de terras, territórios, florestas, destruição biodiversidade, água e minérios; a exploração do trabalho, o trabalho escravo; e todas as formas de violências, em especial a violência contra a mulher; colocam a necessidade de enfrentamento a este modelo, que tem o patriarcado na sua base de sustentação. É fundamental reconhecer e potencializar a luta das mulheres pelo direito à terra por meio da Reforma Agrária e a garantia dos direitos territoriais dos povos indígenas e populações quilombolas, na defesa dos territórios das comunidades tradicionais, como algo estratégico na construção da agroecologia. Como resultado da luta das Margaridas ao longo dos anos, hoje podemos comemorar que mais de 70% dos títulos de terra do Brasil possuem titulação conjunta, significando um importante instrumento para a autonomia e igualdade entre homens e mulheres no meio rural. As Margaridas na defesa da Agroecologia A agroecologia como um modo de produzir, relacionar e viver na agricultura implica em relações respeitosas e igualitárias entre homens, mulheres, jovens, idosas e destas/es com a natureza. Isso significa respeito à diversidade de tradições, culturas, saberes, bem como a proteção à sociobiodiversidade, ao patrimônio genético e aos bens comuns. A agroecologia faz parte da plataforma política da Marcha das Margaridas e compõe os pontos centrais das nossas pautas de reivindicações, como protagonistas que somos das práticas agroecológicas e guardiãs da biodiversidade, das sementes e dos saberes. Sem terra e sem água não há agroecologia, mas não há agroecologia se as mulheres vivem relações de subordinação e violência, se as mulheres não têm autonomia sobre seus corpos, se não têm seus direitos sexuais e reprodutivos assegurados e se continuam excluídas dos espaços de poder e representação política. Portanto, a agroecologia se articula com toda a agenda política das mulheres do campo, da floresta e das águas. A luta pela agroecologia é uma realidade no nosso país há décadas. Porém, desde 2011, quando a presidenta Dilma, em resposta às reivindicações da Marcha das Margaridas, assumiu o compromisso com a agroecologia, conseguimos avançar alguns passos na construção de uma política que apoie, fortaleça e amplie as práticas agroecológicas. Sabemos, entretanto, que muitos são os desafios que se nos apresentam num contexto de avanço ofensivo do agronegócio que tem consequências destrutivas para a agricultura familiar, camponesa, indígena e para os povos e comunidades tradicionais. As mulheres vêm construindo historicamente a agroecologia, assim como suas mães e avós a praticavam, mesmo sem saber este nome. Mas foi a resistência delas que garantiu a existência de diversidade de sementes e práticas que hoje permitem que estejamos aqui e que de outra forma teriam se perdido pela difusão da revolução verde. Elas usam critérios que não se referem somente a dinheiro, elas valorizam o autoconsumo e o fato de suas famílias comerem bem, com qualidade (sem veneno), um alimento que faz bem para a saúde. Junto com o conhecimento e o plantio de plantas medicinais, as mulheres valorizam o fato de elas e seus filhos não precisarem ir ao médico. As mulheres denunciaram o controle das sementes pelas transnacionais e os transgênicos. Tivemos uma derrota grande com a liberação de transgênicos que nos tornam ainda mais reféns das empresas. Nosso papel é seguir denunciando e conscientizando sobre o tema. Uma ação concreta é resgatar as sementes crioulas, cuidar e intercambiá-las, reconhecendo o conhecimento que as mulheres têm neste campo, de modo a garantir nossa autonomia. O conceito de agroecologia toma forma na luta, na resistência e nas alternativas das pessoas que a constrói e que consideram a agroecologia como um modo de vida. Assim, os movimentos, ao ser parte deste processo, trazem seus aportes, como nós mulheres. Por isto não faz sentido o discurso de que enfrentar a desigualdade de gênero é sair do foco da agroecologia, isto é restringir agroecologia a um conjunto de técnicas fechadas e com necessidade de uma autoridade que a delimite. O feminismo tem as mulheres como sujeito organizado e o princípio de igualdade para todas e todos. O feminismo é a ideia radical de que as mulheres são gente! O feminismo dialoga com a agroecologia, porque ambos os movimentos lutam por uma sociedade mais justa. Não é possível construir agroecologia com desigualdade de gênero. Infelizmente, muitas vezes, nossos próprios companheiros de luta pela agroecologia não entendem a importância do feminismo para que haja igualdade. Não adianta produzir sem veneno e chegar em casa e apanhar do marido. Hoje temos certeza que uma coisa está ligada à outra. Se a agroecologia defende uma vida digna, então tem que ter direitos iguais. O veneno é uma violência pra terra, pras plantas, pra nossa saúde. E o machismo é o veneno nas nossas famílias. Por isso a importância de construirmos juntos, trazendo o feminismo para o diálogo de todas e todos. As mulheres usam a criatividade, fazem o aproveitamento de tudo. Com a agroecologia, vamos defender solo, água, plantas e não vamos defender a vida das mulheres? De qual veneno estamos falando? O patriarcado é o veneno na vida das mulheres. Não acreditar no feminismo é não acreditar no protagonismo das mulheres. Não existe isso de dizer que o machismo é algo cultural e que não tem como mudar. A agroecologia já desconstruiu e quer desconstruir muito mais formas de cultivo que prejudicam o solo, por exemplo, então tem que desconstruir o machismo. Cultura ruim deve ser mudada, sim! Mais informações do eixo no link: http://migre.me/qGplM FONTE: Assessoria de Comunicação CONTAG- Barack Fernandes