A Ferrovia Centro Atlântica (FCA), controlada pela Vale, e os produtores rurais do noroeste de Minas Gerais firmaram ontem com o governo do Estado protocolo de intenções para fomentar a produção de grãos para exportação na região, com destaque para soja e milho. A expectativa é ampliar das atuais 400 mil para 2,6 milhões de toneladas a oferta local destinada ao mercado externo a partir de 2013, com investimentos estimados em R$ 300 milhões.
Na área de logística, os recursos serão aplicados na ampliação da capacidade de transporte ferroviário entre Pirapora, no noroeste mineiro, e Sete Lagoas, na região metropolitana de Belo Horizonte, permitindo o escoamento da produção por via férrea até o terminal portuário de Vitória (ES), operado pela Vale.
Hoje, apenas 400 mil toneladas de grãos produzidos nas lavouras situadas no noroeste de Minas são exportadas. Esse volume, no entanto, é transportado por rodovias até a capital mineira, de onde segue para o porto capixaba nos vagões da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), também da Vale.
O volume dos investimentos que a FCA fará nos seus ramais, dando acesso logístico mais barato aos produtores de 19 municípios do noroeste de Minas, não foi informado. Mas o maior montante será aplicado no trecho de 159 quilômetros entre Pirapora e Corinto, que será reativado por meio da ampliação da capacidade de transporte, segundo Marcelo Spinelli, presidente da FCA. Os aportes da ferrovia contemplam melhorias nos trilhos e em material rodante (vagões e locomotivas).
Além da parte ferroviária, os recursos estimados no programa de fomento abrangem a construção de armazéns e terminais de captação junto à região produtora - uma área de 63,1 quilômetros de extensão, que conta com 501 mil hectares de área plantada, sendo que a soja é predominante, com 58% do total, seguida pelo milho (25%) e feijão (16%). Os investimentos englobam igualmente as rodovias, uma vez que a produção será transportada das lavouras até Pirapora em caminhões.
Também estão previstos recursos para aquisição de sementes, adubo, máquinas e terras, bem como para linhas de crédito. O governo mineiro prometeu diferimento de impostos aos produtores e gestões junto a bancos federais para liberação de recursos. "Vamos mobilizar os produtores e promover a articulação com bancos oficiais", afirmou Márcio Lacerda, secretário estadual de Desenvolvimento.
FONTE: Valor Econômico - 15/05/2008