Fabíola Salvador - Agência Estado
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O diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, alertou ontem, durante audiência na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, que há uma "euforia exagerada, sem um mercado estruturado" para o etanol. "Não existe mercado firme; as vendas são esporádicas", disse. Ele contou que há dois anos o Brasil exportou álcool para a Índia e que os Estados Unidos foram compradores do etanol brasileiro nos últimos dois anos. No entanto, a reestruturação da produção interna não exigiu importação por parte dos Estados Unidos neste ano. "Os preços recuaram nos Estados Unidos por causa do excedente de produção. Além disso, o câmbio dificulta as exportações brasileiras", explicou Rodrigues.
No acumulado de janeiro a setembro deste ano, a receita cambial obtida com os embarques de açúcar e álcool caiu 2,4%, para US$ 5,006 bilhões, mostram números da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A receita cambial obtida com a venda de açúcar caiu 5,5% no período e a de álcool cresceu 9,7%.
Mas em setembro, segundo o assessor técnico da CNA, Antônio Donizeti Beraldo, os preços médios do açúcar e do álcool no mercado internacional recuaram 20%. A projeção da CNA é que os embarques do setor sucroalcooleiro somem US$ 6 bilhões no ano, contra US$ 7,7 bilhões em 2007. "Houve uma grande aposta na abertura de mercados internacionais e, por enquanto, há muita coisa armada, mas não estabelecida", disse o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta.
De acordo com Pádua Rodrigues, diante desse quadro muitos investimentos estão sendo revistos e os bancos estão mais "cautelosos" nos empréstimos para o setor.
Em relação ao mercado externo, ele disse que os usineiros apostam na venda de álcool para perfumaria e para a fabricação de bebidas, para a Alemanha e para o Japão. Na audiência, o diretor da Unica defendeu a adoção de um padrão para o álcool que é misturado à gasolina. FONTE: Diário do Norte do Paraná ? PR