Da Redação
A União Européia voltou a recusar a lista de fazendas certificadas pelo Brasil para exportar carne bovina. Ontem, representantes do governo brasileiro entregaram à Comissão Européia uma lista com 523 propriedades que poderiam vender o produto, mas a Europa insiste em que esta relação seja reduzida para 300 ? o que representa apenas 3% das 10 mil registradas no ano passado. Segundo a porta-voz da comissão, Nina Papadoulaki, as reuniões continuarão hoje.
O Ministério da Agricultura, o gabinete do comissário de Saúde e Proteção do Consumidor da UE e a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec) não quiseram comentar a nova recusa. A primeira lista apresentada pelo Brasil tinha 2,6 mil fazendas, mas o próprio ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, admitiu que nem todas as propriedades ali incluídas estavam 100% verificadas. No final de janeiro, a UE suspendeu as importações brasileiras. Enquanto a Europa defende a medida por questões sanitárias, os empresários brasileiros acusam a decisão de protecionismo comercial.
Segundo informações da Agência Estado, algumas propriedades da lista apresentada ontem teriam sido mantidas por pressão política, outros sequer constavam da listagem anterior. Para complicar ainda mais a situação, o número de cabeças de gado por fazenda era diferente do que o Brasil havia apresentado em janeiro. Os europeus deixaram claro que se o Brasil não apontar as 300 fazendas que receberão o certificado caberá a Bruxelas escolher.
A comissão também quer discutir como será a missão dos veterinários europeus ao Brasil. A viagem começa no dia 25 e tudo indica que a UE pretende visitar 10% das 300 fazendas escolhidas. Com base nessa visita, os veterinários vão sugerir se o embargo deve ser mantido ou se o comércio pode voltar a ocorrer.
No Brasil, governo e oposição decidiram se unir no Congresso Nacional e deverão lançar, no Senado, um manifesto suprapartidário contra o embargo às exportações de carne bovina in natura. Existe a convicção de que a medida adotada pelos europeus tem pretexto comercial e não sanitário. O documento será encaminhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro Reinhold Stephanes.
Segundo a idealizadora do manifesto, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), o objetivo dessa manifestação do Senado é fortalecer as negociações do governo brasileiro com a União Européia. Ela destacou que é preciso demonstrar ao parlamento europeu que o Brasil não aceitará as condições impostas para a exportação da carne brasileira.
"Confiamos nos documentos sanitários apresentados pelos estados, através das respectivas agências de sanidade animal, e exigimos a suspensão do embargo e da lista cartorial exigida pela UE, que acarretam prejuízos irreparáveis à economia do Brasil", disse a senadora.
O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina, mercado que rendeu ao país US$ 4,5 bilhões em 2007, 15% a mais do que no ano anterior, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne. Só para a UE, as vendas chegaram a US$ 1,5 bilhão. FONTE: Correio Braziliense ? DF