17/01/2008
A União Européia poderá retomar em breve as importações de mel do Brasil. Produtores do país já receberam uma sinalização de Bruxelas de que o fim do embargo poderá ocorrer ainda neste mês. Fontes do governo brasileiro confirmam que não há mais pendências européias contra o produto e dizem que o fim do bloqueio depende, agora, mais de procedimentos burocráticos.
A Associação Brasileira de Exportadores de Mel (Abemel) acredita que a retomada das exportações para a UE poderá resultar em alta de lucros. Além dos ganhos oriundos das vendas para o próprio bloco, o segmento não precisaria mais dar os abatimentos de preços exigidos por outros importadores - principalmente os americanos.
Até vetar o mel brasileiro em suas fronteiras, em março de 2006 - sob a alegação de falta de controle de resíduos -, a UE absorvia cerca de 80% das exportações do país. Depois que a barreira foi imposta, entrou em vigor o Plano Nacional de Controle de Resíduos, e uma missão de inspetores europeus que visitou o país em 2007 fez constatações favoráveis sobre o novo sistema.
Ao contrário do que se previa inicialmente, as exportações brasileiras de mel aumentaram após a perda do mercado europeu. Saltaram de US$ 19 milhões, em 2005, para US$ 23 milhões em 2006, e o preço por quilo passou de US$ 1,3 para US$ 1,6 em média. Os EUA passaram a comprar o mel que o Brasil não podia vender para a UE, já que houve destruição em massa de abelhas em dezenas de Estados americanos. Ao mesmo tempo a China, maior exportadora do mundo, encarou seus próprios problemas de contaminação.
De janeiro a novembro de 2007, 89,7% das exportações de mel do Brasil foram para os EUA (US$ 17 milhões). O Brasil passou de sétimo para quarto maior exportador para o mercado americano. Só que essa posição está agora ameaçada pela retomada das exportações de mel da China para os EUA, que desde junho deste ano vêm crescendo de forma vigorosa, segundo a Abemel.
Já em novembro, as vendas do Brasil para o mercado americano caíram mais de 35% em relação ao mesmo mês de 2006, para US$ 1,2 milhão. E Isso em um mês em que praticamente todos os embarques foram para os EUA, onde os clientes vinham exigindo descontos cada vez mais substanciais - daí a importância da reabertura do mercado europeu.
O mercado mundial de mel é bastante concentrado. Os principais importadores são Alemanha (23% do total), EUA (23%) e Japão (11%). A Alemanha compra muito mel para reexportar e está se tornando um dos principais negociadores do produto, a exemplo do que faz com o café. A China também é o maior país produtor, com quase 280 mil toneladas por ano, em média. A Argentina também tem boa produção, apesar de problemas sanitários.
No Brasil, os maiores exportadores são São Paulo, Rio Grande do Sul e Ceará. Em 2007, o melhor preço foi recebido pelos produtores cearenses (US$ 2,42 por quilo), conforme a entidade do setor. FONTE: Valor Econômico ? SP