Grandes responsáveis pelo aumento do PIB no campo em 2007, pela forte alta de preços registrada, as commodities agrícolas viveram novamente, na quarta-feira, um dia de expressivas perdas no mercado futuro. Trigo, soja e milho, as três principais commodities negociadas na bolsa de Chicago, referência internacional de preços, fecharam em seus limites de baixa pela segunda vez na semana.
O forte movimento de liquidação de contratos pelos especuladores voltou a nortear o mercado em um dia de perdas relevantes em bolsas do mundo todo, a despeito do cenário de oferta apertada e redução dos estoques, que, em outros tempos, invariavelmente apontaria as cotações para o alto. A queda do petróleo, arrastado pela turbulência, pressionou ainda mais as commodities agrícolas.
Os preços de soja, milho e trigo permanecem em alta em 2008, mas o mês de março já é de retração, segundo cálculos do Valor Data. Os contratos de segunda posição de entrega, usualmente os de maior liquidez, recuaram, até ontem, 17,21%, no caso da soja, 2,84%, no do milho, e 3,50%, no do trigo. No ano, os avanços são, respectivamente, de 4,76%, 15,53% e 17,36%.
Ontem, a queda do preço dos contratos de trigo com vencimento em julho negociados em Chicago foi de 90 centavos de dólar, para US$ 10,48 por bushel. A soja para julho recuou 50 cents, a US$ 12,72 por bushel, e o milho também para julho encerrou com queda de 20 cents, a US$ 5,3925 o bushel.
Até que se consiga mensurar com mais exatidão a real dimensão da crise da economia americana, a análise dos fundamentos das commodities agrícolas permanecerá secundária, segundo os analistas. As evidências de aumento da demanda global por alimentos, em especial em mercados como a China, permanecem recorrentes, assim como as projeções de produção de grãos que sequer será capaz de recompor os estoques, declinantes.
O norte das cotações continua a ser apontado pelo mercado financeiro. "Quando isso acontece, contraria-se qualquer fundamento. As referências acabem se perdendo", afirma Renato Sayeg, da Tetras Corretora. "O que tem acontecido é até irracional. Neste ano, os preços já chegaram a atingir dois limites de alta e dois limites de baixa em uma mesma semana", disse.
No mercado doméstico, o preço da saca de 60 quilos de soja encerrou em baixa de 1,07%, a R$ 43,41, segundo o índice Cepea/Esalq. No milho, segundo o indicador Esalq/BM&F, a queda foi de 0,23%, a R$ 27,11 para a saca de 60 quilos. O preço do trigo, por sua vez, fechou com leve avanço. A saca de 60 quilos do cereal encerrou negociada, na média, por R$ 39,89, alta de 0,08%, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral).
Na bolsa de Nova York, onde são negociadas as chamadas "soft commodities", o dia também foi de quedas. Os contratos de cacau para julho caíram US$ 70, para US$ 2.549 por tonelada. FONTE: Valor Econômico ? SP