Em meio ao embargo da União Européia à carne bovina brasileira in natura, os exportadores nacionais obtiveram, em fevereiro, preços 16,2% superiores ao recebido em janeiro deste ano. As vendas recuaram de US$ 364,7 milhões, em janeiro, para US$ 254,3 milhões, em fevereiro. Mas o volume das exportações recuou de 91,9 mil para 76,5 mil toneladas no período, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento.
Neste primeiro bimestre, as vendas de carne bovina in natura somaram US$ 619 milhões, um resultado 11,6% superior aos US$ 541 milhões dos dois primeiros meses de 2007. O resultado mostra ter havido uma antecipação nas compras dos principais mercados, inclusive da Europa, em razão do receio das sanções impostas pela Comissão Européia à compra de carne brasileira.
"Há uma tendência de alta nos preços internacionais porque não existe excedente no mercado", analisou o presidente do Fórum Nacional da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Antenor Nogueira. Segundo ele, o Brasil deveria suspender formalmente as exportações ao bloco europeu para renegociar novas regras de rastreamento do gado bovino nacional.
Contrariados com a forma como o governo reagiu aos termos do embargo europeu, os pecuaristas apostam que 2008 repetirá o desempenho exportador de 2007. Ou seja, neste caso os frigoríficos brasileiros venderiam US$ 4,4 bilhões ao exterior. Antenor Nogueira afirmou que, com o embargo ao Brasil, a UE deve buscar novos fornecedores para atender aos volumes de importação, o que abrirá espaço aos exportadores brasileiros para ocupar os mercados relegados por países como Argentina, Uruguai e Austrália, por exemplo. "Mas os europeus vão sentir isso no bolso. Terão que pagar mais caro pelo produto", disse. "E nós poderemos avançar em outros mercados". Para ele, o Brasil não terá dificuldades para colocar em novos mercados os produtos mais caros como os exportados para a UE. "Vendemos para eles 35 quilos de carne para cada boi abatido. São os cortes mais nobres que não teremos problemas para colocar no mercado internacional", afirmou Nogueira. "O Brasil vai sair lucrando [com o embargo da UE] porque vamos ocupar novos espaços". FONTE: Valor Econômico ? SP