Os impactos do capitalismo no campo na atual conjuntura foi tema de debate no terceiro dia do 11º Congresso de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais. Foram abordadas questões como o agronegócio e a expulsão de trabalhadores(as) rurais por grandes fazendeiros.
Benedita Carvalho Gonçalves, trabalhadora rural do município de Igarapé- Miri – PA, e Presidente do STTR deste município, participou do debate e disse que o capitalismo traz dificuldades para os trabalhadores(as) rurais. Segundo ela, os grandes projetos do biocombustível com o plantio do dendê tem causado impacto na região, deixando os agricultores(as) sem saídas para atuar de forma digna. “Os latifundiários têm comprado terra dos nossos agricultores(as), que acabam indo morar na beira da estrada ou se mudando para a cidade. Isso causa inchaço nas cidades, aumento no número da violência, no consumo de álcool, drogas, prostituição”, afirmou Benedita.
A trabalhadora rural Raimunda Nonata Gomes Costa, delegada de base do STTR de Timon, Maranhão, explicou que “o acesso ao crédito e a chegada da irrigação gerou avanços. Por outro lado, o trabalhador(a) produz, mas ainda não tem condições de revender esses produtos porque o capitalismo não favorece o repasse de nossos produtos”. Segundo ela, não existe abertura, e sim barreiras.
A jovem trabalhadora rural Rosana Rocha da Silva, do STTR de Serro Grande do Sul, localizado no Estado do Rio Grande do Sul, também discutiu esse tema em seu grupo de debate e mostrou-se preocupada. “O capitalismo começou a distanciar os nossos agricultores(as) de suas raízes”. Isso porque, segundo Rosana, este modelo capitalista está levando alguns agricultores(as) a usarem sementes transgênicas, o que leva a uma indesejável perda da identidade do campo.
O Sindicalista Valdeci Soares, do Estado do Espírito Santo e Presidente do STTR de Afonso Campos, localizado a 130 km de Vitória, destacou que o avanço do capitalismo prejudicou famílias capixabas da região. “A expulsão das famílias de agricultores(as) familiares da área rural para a cidade e a compra terra dos agricultores por parte de fazendeiros, que constroem grandes fazendas, leva os trabalhadores(as) a saírem do campo e viverem em periferias”, disse.
Fotos: Carolina Almeida FONTE: Imprensa CONTAG - Carolina Almeida