A manifestação dos trabalhadores rurais capixabas na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) segue para o quinto dia. Os mais de 100 trabalhadores rurais acampados e assentados, organizados pela Fetaes (Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Espírito Santo) montaram suas barracas no pátio do órgão na última segunda-feira (04/04). Entre as reivindicações, eles cobram agilidade nos processos de desapropriação das terras para fins de Reforma Agrária.
Durante os quatro dias de ocupação, uma comissão formada por coordenadores dos acampamentos, dos assentamentos e por diretores da Fetaes se reuniu com o Superintendente do INCRA, José Gerônimo Brumatti para negociar os itens da pauta de reivindicações dos trabalhadores. Entretanto, segundo os manifestantes, não houve nenhum avanço e por isso eles decidiram permanecer na sede do órgão por tempo indeterminado.
Além de cobrarem agilidade na desapropriação das terras, os trabalhadores também reivindicam infraestrutura nos assentamentos já consolidados, como assistência técnica, barragens, energia elétrica, construção de casas.
“Atualmente, existem no Espírito Santo, 26 assentamentos que são coordenados pela Fetaes, mas os trabalhadores não podem produzir com qualidade nessas terras porque falta infraestrutura. Precisamos dar condições para que essas pessoas possam plantar e colher, garantindo sua própria renda e a subsistência do campo e da cidade”, ressaltou o presidente da Fetaes, Paulo Caralo.
Os manifestantes também cobram mais atenção da Justiça, tendo em vista que alguns acampamentos já estão com todo o processo de ação de desapropriação pronto esperando apenas a assinatura do juiz para concessão de emissão da posse, como é o caso da Fazenda São Pedro, localizada em Mimoso do Sul. O processo encontra-se parado na mesa do juiz da 1º Vara Federal de Cachoeiro de Itapemirim, Dr. Rodrigo Reiff Botelho, há mais de dois anos. Cerca de 40 famílias vivem no acampamento e aguardam para serem assentadas. “A lentidão nesse processo, demonstra que os juízes capixabas, infelizmente, não têm compromisso nem sensibilidade com a realização da Reforma Agrária no estado”, desabafa o Presidente da Fetaes, Paulo Caralo.
No ano passado, o mesmo grupo ficou acampado no órgão por 38 dias. Na ocasião, o Incra se comprometeu a liberar recursos para o pagamento dos títulos de dívida agrária e agilizar a desapropriação das terras para atender as famílias de 13 acampamentos. Entretanto, segundo os trabalhadores, não houve avanço significativo, poucas áreas foram desapropriadas e apenas três assentamentos foram criados. Essa nova ocupação também tem como objetivo pressionar o instituto para que seja cumprido o acordo feito no ano passado.
Hoje, no Espírito Santo, há mais de 250 mil hectares de terras públicas. E o movimento sindical de trabalhadores rurais, por meio da Fetaes, coordena 13 acampamentos em todo o Estado. São mais de 800 famílias vivendo em barracas à espera de serem assentadas e terem suas próprias terras. FONTE: Comunicação da Fetaes