Catende: bons números na safra 2008
Agricultores e agricultoras familiares da Usina Catende (PE) têm uma boa expectativa para a atual safra, que se estende até março de 2008. A previsão de moagem é de 600 mil toneladas de cana e produção de mais de 1 milhão de sacas de açúcar, marca só atingida 20 anos atrás. A única preocupação é com o preço médio da saca, que no ano passado era de R$ 38 e hoje está em torno de R$ 23.
Para atingir esses números, os agricultores tem contado com uma importante parceria. A Fundação Banco do Brasil assinou, em 2004, dois convênios com sindicatos locais. O primeiro acordo, com recursos de R$ 379 mil, dá suporte à capacitação dos participantes do Pronaf e propicia a aquisição de insumos. O segundo garante o repasse de R$ 3,5 milhões para a manutenção do parque industrial da fábrica da Usina Catende e dos tratos culturais do canavial, além da compra de produtos para fabricação de açúcar, manutenção da frota de veículos e a garantia da viabilidade produtiva da fábrica e do campo.
Em 2006, toda a área da Usina Catende, formada por 48 engenhos, em 26 mil hectares espalhados por cinco municípios, foi desapropriada e os trabalhadores e trabalhadoras rurais assumiram o controle do imóvel. Apenas a indústria ainda terá seu destino decidido pela Justiça.
Quando assumiram a propriedade, os ex-trabalhadores da Catende se organizaram em torno de um projeto agroindustrial, hoje conhecido como Catende/Harmonia. Em 2004, a união foi formalizada legalmente com a criação da Companhia Agrícola Harmonia. Com cerca de 3,8 mil cooperados, a entidade tem, ainda, o papel de gerenciar o negócio quando o processo sair da esfera do Judiciário. Hoje, a Harmonia atua no sentido de gerir a massa falida de forma a garantir a renda dos trabalhadores credores, transformando a iniciativa no maior exemplo de autogestão e de economia solidária em Pernambuco e no Brasil.
O projeto Catende/Harmonia mantém 1,3 mil funcionários fixos, nos moldes da CLT e contrata temporariamente o mesmo número de pessoas na época de safra. A cana moída vem de duas modalidades: a cana do coletivo (que antes era da massa e hoje é dos cooperados) e a do morador, fruto do Projeto Cana de Morador, no qual 2 mil ex-funcionários ganharam o direito de trabalhar na terra de propriedade dos usineiros na condição de agricultores familiares.