As delegadas e delegados presentes no 11º Congresso Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (CNTTR) anteciparam para hoje (7 de março) a comemoração do Dia Internacional da Mulher (que é celebrado em 8 de março). Todos e todas se reuniram em um ato especial, no auditório principal do Centro de Convenções Ulysses Guimarães (onde acontece o 11º CNTTR), para lembrar os desafios, lutas e conquistas que afetam as mulheres agricultoras de todo o País. O momento iniciou com uma mística realizada por trabalhadoras rurais de todos os estados, mostrando em cartazes as lutas e desafios enfrentados por essas trabalhadoras.
Na ocasião, a vice-presidente e secretária de Relações Internacionais da CONTAG, Alessandra Lunas, que é candidata a secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG da futura gestão, lembrou em seu discurso que pela primeira vez na história da entidade o Congresso terminará em uma data tão significativa como o Dia Internacional da Mulher. “Isso marca a importância do debate em torno dos temas femininos e de todas as questões que estão sendo tratadas no evento”, destacou.
Segundo Alessandra, a data está na agenda da CONTAG não somente por ser uma data festiva, mas porque hoje as mulheres são protagonistas de uma história e isto é motivo para muitas comemorações. “Estas conquistas são resultado do protagonismo das mulheres e da capacidade de elas colocarem na mesa os seus desejos e de conquistarem os seus espaços. E muito mais do que um momento de lembrar das conquistas, o 8 de março reforça a necessidade de unidade da classe trabalhadora e das mulheres do mundo inteiro para colocarmos na agenda dos nossos governos a pauta das mulheres”, declarou.
Alessandra lembrou ainda que essa agenda coloca na agenda internacional um debate ainda forte no mundo, que é a violência contra a mulher. “As mulheres de outros países precisam de nossa ajuda para conversar sobre este assunto, pois, em muitos países da América Latina, as mulheres ainda não têm seus direitos garantidos. E mais do que ninguém, as mulheres sabem o que significa a pauta da fome no mundo. Por isso, este dia coloca uma grande responsabilidade ao mostrar o que as mulheres já protagonizaram para o mundo”, afirmou.
Na sequência, Carmen Foro, atual secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG, iniciou a leitura da Carta Política das Mulheres, que manifesta o posicionamento político das trabalhadoras. O documento foi entregue ao presidente da entidade, Alberto Broch. Em um discurso emocionado, Carmen homenageou sua mãe e lembrou que neste ano a aprovação da política de cotas para as mulheres no movimento sindical está completando 15 anos. “O dia 8 de março traz imensos desafios para que possamos garantir igualdade entre homens e mulheres. E, neste Congresso, temos como desafio a aprovação da paridade de gênero para a CONTAG. Queremos a paridade com valores éticos. Não somente para conquistar cargos, mas como reconhecimento de uma contribuição igual ao movimento. É com essa unidade que faremos o diferencial na construção do nosso movimento sindical”, declarou Carmen. Ela explicou ainda que o ato não é um simples evento, mas uma atividade muito importante para marcar a presença política feminina e a determinação dentro do MSTTR. “Esta carta tem um significado, queremos reafirmar o compromisso do Movimento Sindical para os desafios que ainda temos pela frente”, declarou Carmen.
Segundo Carmen, o momento também é de olhar para o passado e pensar porque temos esta data. “Este dia significa a morte de mulheres e este sentido tem nos inspirado a lutar em todo o país. Mas, ainda precisamos avançar no reconhecimento interno e externo, pois muitas mulheres ainda falam da vida dura que tem nos sindicatos. Coisas que não estão na pauta, mas acontecem e isso nos entristece”, declarou.
A dirigente destacou ainda a importância da paridade que está em debate na pauta do congresso. “A proposta é para que nós mulheres possamos dividir meio a meio o comando político desta organização e estou muito otimista com essa possibilidade”.
Ao final, Carmen se despediu do cargo de secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG, que deixará em breve. Ela fez um agradecimento à CONTAG por lhe permitir ser uma líder feminista do País. “Devo isso também a cada mulher da base que confiou no nosso trabalho e continuo com a convicção que não basta ser mulher. Em qualquer lugar que seja, temos que ser mulheres comprometidas com uma agenda feminista”. O ato foi finalizado com um grande abraço das mulheres ao redor do auditório.
Para Josivania Ribeiro Cruz Souza, delegada representante de Pernambuco, como provedoras naturais, as mulheres são responsáveis pela nação. “Em momentos como este ato, saem da condição de provedoras para a condição de discutir os rumos da sociedade e o projeto político que desejam.”
Rosalina Rodrigues da Silva, delegada representante do Piauí, essa data representa um dia de luta e reivindicações para o movimento sindical rural. “Essa data não veio de qualquer jeito. Veio através de muito sofrimento de outras mulheres. Por isso, a data é muito importante para que as mulheres se mobilizem em suas regiões para mostrar para a sociedade que hoje só temos esse espaço porque lutamos para construir”, declarou a trabalhadora.
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