Atualmente, a legislação destina à reforma agrária apenas as terras onde a polícia encontra plantações de maconha. A lei se esqueceu das áreas usadas pelo tráfico. Por isso, elas seguem para a Senad, órgão pouco estruturado e sem condições de tomar conta das propriedades. As áreas pertencem ao Fundo Nacional Antidrogas (Funad), única fonte de recurso da secretaria. A Senad não poderia doar as terras ao Incra, assim chegou-se à solução de venda.
O acordo será um bom negócio para os dois lados. Para a Senad, dona das terras, vai ser vantajoso porque a venda por leilão poderia não assegurar preço justo pela propriedade que já foi de traficante. E o Incra vai pagar o preço estimado por seus próprios técnicos. Quando desapropria terras de fazendeiros, o órgão tem que brigar na Justiça com os proprietários, que costumam considerar o valor da avaliação baixo.
O secretário Nacional Antidrogas, general Roberto Uchôa, classificou essa solução como "ovo de Colombo": "O acordo conciliou interesses de várias partes. A nossa, do Incra e dos sem-terra". O acordo livra a Senad de um problema. Com 80 funcionários, todos lotados em Brasília, o órgão não teria condições de leiloar as terras e nem administrá-las. Uchôa admite também que não seria fácil achar comprador para terras que pertenceram a traficantes.(AG) FONTE: Correio da Bahia ? BA