Na tarde dessa quarta (7 de março) as mulheres do campo e da floresta colheram os frutos da Marcha das Margaridas. É que o Ministério do Desenvolvimento Agrário e de Políticas para Mulheres assinaram em Brasília um Termo de Cooperação pela Cidadania e Autonomia das Mulheres Rurais para os estados de Alagoas, Acre, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Sul durante as comemorações do Dia Internacional da Mulher. A ideia do termo é implantar ações nos estados participantes para garantir às mulheres do campo e da floresta o acesso à cidadania, à autonomia econômica e a prevenção à violência contra a mulher. O acordo de cooperação ficará em vigência por dois anos, com investimentos da ordem de R$ 10 milhões. “Acho a iniciativa do governo muito rica, mas quando eu penso nesse valor, concluo que se trata de um recurso absolutamente tímido se comparado ao que ainda precisamos enfrentar em nosso país, principalmente considerando a dívida que o Brasil tem conosco, porque é lá no meio rural onde estão as mulheres mais pobres, negras, jovens, indígenas e as populações tradicionais na sua diversidade”, avalia Carmen Foro, secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG. Ainda segundo Carmen, às vésperas do 8 de março esse anúncio tem uma simbologia muito forte, porque significaque as demandas políticas das trabalhadoras rurais tiveram assento no governo federal e se estenderão para os governos municipais. “Isso significa que graças à nossa capacidade de organização o Brasil mudou muito. Vejo aqui traduzidas nesse termo de compromisso, embora timidamente, as nossas demandas”, analisa Carmen citando como exemplo a Campanha pela Documentação das Rurais, uma reivindicação antiga do movimento sindical, mas que ganhou força em 2003 com a criação do programa pelo governo. Para Carmen Foro, é muito importante que se faça uma reflexão sobre o dia 8 de Março: “Um dia de luta e não de festa, e tem de ser assim para podermos transformar a vida de muitas mulheres, porque temos muito ainda o que avançar, pensar na violência contra as mulheres, na pobreza e em muitos processos de invisibilidade”. Ela registrou também que estava muito otimista com a iniciativa do governo. Mas, questionou: “Só não sei de quanto será a contrapartida dos municípios, nem dos estados, mas acredito que temos um desafio muito grande em nosso país. Eu, como dirigente nacional tive a honra de organizar duas grandes marchas nesse país, a Marcha das Margaridas, e sei que um dos grandes entraves que temos é para que os estados e municípios incorporem na sua agenda de governo local as questões para as mulheres. Quanto existe nos orçamentos estaduais e municipais para o enfrentamento da pobreza, da produção de alimentos para as mulheres do campo e da floresta é um grande mistério. Aproveitando a oportunidade, Carmen também lembrou que o governo da presidenta Dilma anunciou um grupo de trabalho para construção de creches nos assentamentos: “Mas, até agora, nem sequer se constituíram os grupos de trabalho”.
FONTE: Imprensa Contag - Maria do Carmo de Andrade Lima