“Das frentes de trabalho, das greves, dos acampamentos e das salas de aula, nascia uma nova Identidade. É como se estivessesurgindo das cinzas, do resto que sobrou da poderosa Catende”. A fala do secretário de Política Agrícola do sindicato de Palmares e assentado do Projeto Catende em Pernambuco, Joel Oliveira, traz do fundo da alma o sentimento de superação imposto todos os dias aos agricultores e agricultores familiares presente no Grupo de Trabalho Acesso à Terra na REAF, que acontece até quinta-feira (18) em Brasília-DF.
Um exemplo escolhido entre tantos, pela força da identidade aguerrida, própria de todos e todas que vivem no meio rural, quer no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo. “ Escolhemos esse exemplo do Nordesde Brasileiro. Que traz a história de gente capaz de transformar o lugar em que vive. De mudar o curso da vida. Uma demonstração clara que é possível fazer reforma agrária. Que a força da Agricultura familiar permanece", destacou emocionado o vice-presidnete e secretário de Relações Internacionais da CONTAG e secretário de Formação da COPROFAM, Willian Clementino.
Vem conhecer a história desse povo forte!
E é dessa história de gente simples e batalhadora que vamos falar agora. Você sabe o que é o Projeto de Assentamento Catende? E do que a união é capaz de fazer quando se trata das transformações que queremos para o campo? você tem ideia!?
Pois bem, baseado no que ouvimos de Joel, nos arriscamos a tentar aqui descrever um exemplo para todos e todas que fazem a luta do campo, floresta e águas em todo o mundo. O P.A Miguel Arraes, nasceu da falência da Usina Catende, fundada em 1892, maior da América Latina na década de 50. O mega empreendimento era de propriedade de um grupo de 3 famílias abastardas de Pernambuco. Só que entrou em decadência no final de 90, resultando na demissão sem pagamento e indenização de 2.300 trabalhadores do campo. Sem emprego, os assalariados rurais arregaçaram as mangas e botaram a boca no trombone, denunciando toda situação em 1995 em uma greve de 19 dias, exigindo a saída dos usineiros. E eles saíram! Deixando as consequência inerentes do Agronegócio, como por exemplo uma taxa de 80% de analfabetos em dados levantados no ano de 1996 na região.
As coisas começam a melhorar...
Em 1998 mesmo com problema de chuva e de mercado, os ex-assalariados (as) da Catende, decidem fazer um plantio de lavoura branca (batata, macaxeira, mandioca, entre outras raízes). Logo em seguida surgiu a ideia de estimular o plantio de cana. Foi quando foi criado um banco de semente e de adubo. E não é que o negócio deu certo e cresceu rápido, recebendo o nome de Cana de Morador. “Foi como descobrir a roda, pois todos conheciam o processo produtivo, afinal, tantos anos fazendo isso” afirmou Joel. Daí vieram as primeiras colheitas que despertaram grande interesse, pois todos (as) descobriram que a usina não tomaria a cana deles.
Agora se sentindo donos do que de fato era deles por direito, a gestão dos trabalhadores (as) priorizou a produção de cana, melhores condições de trabalho e produtividade agrícola industrial. E não é que Usina Catende passou a ser a referência para os agricultores (as) familiares de cana da Região. Pois bem, a moagem era em nome de cada produtor e todo mundo tinha acesso aos relatórios da balança e do laboratório. Acesso aos 2 kg de mel por tonelada de cana, para ajudar no frete de acordo com tabela amplamente discutida e de patrol, descarrego por ordem de chegada e não por tamanho de produção e pagamento em dia. E um detalhe! Não se fazia disputa de preço de cana com outras usinas.
E assim o Projeto Catende segue até hoje. Com 49 Associações dos Engenhos, apoidos pelos sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Jaqueira, Catende, Palmares, Xexéu e Água Preta. Apoiado pela CONTAG e Fetape. FONTE: Assessoria de Comunicação CONTAG - Barack Fernanades