Para ele, quem questiona lista de fazendas é irresponsável
Fabíola Salvador
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, reagiu ontem à possibilidade de pecuaristas questionarem na Justiça a decisão do governo de homologar uma lista de fazendas aptas a fornecer animais para frigoríficos que exportam para a União Européia (UE).
A proposta tem sido defendida pelo deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) como resposta à decisão do governo de apresentar uma relação com menos de 200 propriedades aos europeus. "Algumas pessoas, irresponsavelmente, estão colocando isso em debate", disse o ministro, sem citar Caiado. O deputado disse que as ações podem ser movidas contra a União e o próprio Stephanes.
Após reunir-se com o chefe do Serviço Veterinário e Fitossanitário da Rússia, Serguei Dankvert, Stephanes disse que nenhum pecuarista questionou a lista de fazendas aptas a exportar para a UE. Ele afirmou que os pecuaristas que aderiram ao sistema de rastreamento, o Sisbov, o fizeram de forma voluntária. "Eles aderirem voluntariamente, independentemente se elas (as regras) eram burocratizadas e excessivas." O ministro lembrou, no entanto, que auditorias feitas nas propriedades mostraram que as regras não estavam sendo cumpridas.
Os pecuaristas que ficaram fora da lista precisam se adequar às normas de rastreabilidade acertadas com os europeus, cumprindo uma relação de 49 itens. Stephanes disse que o governo pode tentar negociar com a UE normas mais flexíveis. "As exigências vão além das necessidades. Quanto a isso não há nenhuma dúvida."
O ministro sinalizou que não acredita na aprovação pelo Congresso de dois projetos apresentados por Caiado para suspensão das negociações entre Brasil e UE e para derrubar as regras do Sisbov. "Não acredito muito nisso", limitou-se a dizer.
Pouco antes de almoçar com Dankvert em uma churrascaria de Brasília, Stephanes afirmou que, por trás do embargo da UE à carne brasileira, que se estende por 25 dias, há uma questão comercial. "A União Européia e os Estados Unidos não têm sido nada liberais no comércio agrícola", afirmou.
Mesmo assim, ele defendeu a continuidade das negociações para a retomada das vendas. "Não podemos fechar todas as portas, o que poderia ser compreendido como dificuldade na questão sanitária." FONTE: Estado de São Paulo ? SP