José Maria Tomazela, SOROCABA
O Estado de São Paulo fecha o ano de 2007 na liderança no ranking de invasões de terras no País. O número de 82 ocupações contabilizadas pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) é o maior registrado no Estado desde 1997, quando a entidade iniciou o levantamento. Este ano, São Paulo está bem à frente de Pernambuco, onde a ação dos sem-terra é tradicionalmente mais forte. No Estado nordestino, foram 42 invasões. Em seguida, aparecem Alagoas, com 34 ações, Bahia, com 23, e Minas Gerais, com 18.
Os números não são oficiais, já que o relatório final será divulgado somente em março. Na soma das invasões de 2000 a 2007, entretanto, Pernambuco continua na dianteira, com 581 invasões, contra 376 de São Paulo. Somente em 2001 São Paulo havia registrado mais invasões que Pernambuco: 20 contra 6.
O avanço da cana-de-açúcar e o projeto do governador José Serra que propõe a regularização das terras no Pontal do Paranapanema explicam o aumento das ações em São Paulo, segundo o coordenador estadual do Movimento dos Sem-Terra (MST), Valmir Rodrigues Chaves. O oeste paulista, região que inclui o Pontal e para onde se expandem os canaviais, registrou 75% das invasões. "A cana está entrando em terras devolutas, em terras que deveriam ter sido destinadas para a reforma agrária." Segundo ele, muitas ocupações foram feitas em áreas já declaradas improdutivas, mas que foram arrendadas por fazendeiros para as usinas. Ele culpa também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não houve o avanço esperado na reforma agrária. O pessoal que está nos acampamentos é o mesmo de 4 ou 5 anos atrás."
Análise da CPT mostra ainda que a Região Sudeste registrou mais de 25% dos conflitos por terra. Para a entidade, o progresso tecnológico e o avanço da cana geraram mais exclusão do pequeno agricultor.
DISSIDENTES
O grupo do líder dissidente do MST, José Rainha Júnior, respondeu por mais de 50% das invasões registradas em 2007 em São Paulo. Com apoio do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar e sindicatos rurais ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), seus invadiram 48 áreas no Pontal e no oeste paulista.
Somente em junho e julho, na ação denominada "inverno quente", foram invadidas 24 fazendas. Em fevereiro, Rainha se antecipou ao "abril vermelho" do MST e liderou 14 invasões. Agora, ele promete antecipar as ações para janeiro e pressionar o governo estadual a arrecadar terras para assentamentos. "Se o governo não se mexer, nosso grupo vai começar o ano fazendo ocupação." FONTE: Estado de São Paulo ? SP