Gerson Freitas Jr.
Após subir mais de 60% no acumulado de 2007, as cotações dos futuros de soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) atingiram na semana passada o nível mais alto desde 1974 (US$ 11,64/bushel, base janeiro) e não dão sinais de que vão arrefecer tão cedo. O mercado segue sustentado por uma combinação de fatores. Pesam a favor incertezas sobre o tamanho da safra de grãos na América do Sul, redução dos estoques norte-americanos, firme demanda internacional e sinais técnicos altistas.
De acordo com o último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o volume armazenado de soja naquele país será pouco superior a 5 milhões de toneladas no fim da safra 2007/2008, redução de 10,5 milhões de toneladas em apenas um ano. Na outra ponta, a demanda segue aquecida, impulsionada pelo crescente apetite chinês e a perspectiva de aumento na produção de biodiesel em todo o mundo.
CONVENCIMENTO
Por isso, analistas dizem que o mercado tende a manter os preços da soja em patamar elevado, já que precisa convencer os produtores norte-americanos a ampliarem suas plantações no ano que vem. Segundo a consultoria Informa Economics, a área de lavoura de soja nos EUA deve crescer dos atuais 25,5 milhões para 28,3 milhões de hectares em 2008 - o que ainda deixará o país muito vulnerável a uma eventual quebra de produção.
'É interessante observar que muitos estão comprando opções de compra para entrega em julho a US$ 15/bushel, o que pode sinalizar uma tendência para os preços no futuro', afirma a operadora da Fimat Futures, Flávia Moura. Ela pondera, no entanto, que a perspectiva de alta pode ser frustrada por uma boa colheita na América do Sul. 'A soja tem potencial para retornar ao patamar de US$ 9 em alguns meses, desde que a América do Sul tenha uma safra cheia', acredita.
Opinião semelhante tem o operador da Global Futures, Doug McWilliams. 'Ainda penso que o preço da soja tenha espaço para subir, mas não acredito em uma grande oscilação até o começo da primavera americana (a partir de março, início da estação de plantio na América do Norte)', diz.
O cenário também é de alta para o milho negociado em Chicago. Apesar dos estoques em níveis razoavelmente confortáveis, os preços da commodity devem manter-se em níveis historicamente elevados até a definição do plantio nos Estados Unidos. FONTE: Estado de São Paulo ? SP