Agência Brasil
BRASÍLIA - O diretor do Departamento de Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Wanderley Guenka, afirmou nesta segunda-feira que a situação da saúde dos povos que vivem na Terra Indígena do Vale do Javari, no Amazonas, é gravíssima. Segundo ele, a Funasa, sozinha, não é capaz de realizar as medidas necessárias para o atendimento da população.
Com os índices mais altos do país de contaminação pelo vírus do tipo B da hepatite, a região vem sofrendo ainda com uma epidemia de malária. Tanto a hepatite quanto a malária atacam diretamente o fígado, e a associação dos dois problemas tem enfraquecido a população e levado a um alto índice de mortes.
- É gravíssimo, gravíssimo. Nós não podemos ficar com medidas paliativas, foi levado isso ao presidente. Nós estamos organizando uma reunião com todas as entidades, porque só a Funasa não vai dar conta de dar uma assistência de qualidade no Vale do Javari. - avaliou Guenka,
Como parceiros indispensáveis, ele citou a Fundação Nacional do Índio (Funai), a prefeitura de Atalaia do Norte, a Secretaria de Saúde do Amazonas, a Secretaria de Vigilância de Saúde do Ministério da Saúde e o Instituto de Medicina Tropical.
- Um segundo passo é fazer essa parceria agora, inclusive com as Forças Armadas, Marinha e Exército, no sentido de realmente fazer um trabalho de impacto no Javari. Nós vamos fazer esse trabalho de impacto, de investimento na parte estruturante do Vale do Javari. - afirmou.
Há anos a população pede medidas urgentes para conter o avanço da presença dos vírus das hepatites nas aldeias. Entre aqueles que já foram testados, os índices de contaminação são extremamente altos: mais de 80% para o tipo A e acima de 20% para o vírus B. Esse vírus proporciona a sobrevivência no organismo de outro tipo ainda mais perigoso, conhecido como delta (D). Os resultados para o vírus D entre os testados também estão muito acima da média nacional e dos números considerados aceitáveis pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Uma das grandes preocupações dos indígenas é a transmissão vertical do vírus tipo B. Eles temem que a transmissão direta de mãe para filho condene essa população ao desaparecimento. Nos últimos anos têm ocorrido mais mortes de jovens e crianças do que de pessoas idosas nas aldeias. Uma das medidas para impedir a transmissão é o exame sorológico (que detecta a presença de anticorpos), em que a população é testada para os vírus. Até hoje, essas medidas não foram tomadas, embora a Funasa já tenha assinado dois termos de ajustamento de conduta (TACs) com o Ministério Público comprometendo-se a concluir o inquérito sorológico em caráter de urgência. FONTE: Globo Online ? RJ