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SINOP TENTA DOMAR PRESSÕES PARA
Sinop tenta domar pressões para acelerar diversificação
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12 de Novembro de 2007

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12/11/2007

As nuvens estão carregadas em Sinop, o que neste momento é uma boa notícia. As chuvas finalmente começam a cair com regularidade, para alívio dos produtores de soja. É preciso compensar o atraso de quase um mês do início do plantio, provocado por uma estiagem rara de se ver em setembro e outubro no norte do Mato Grosso. Para isso o clima precisa ajudar.

Nas terras de Antonio Galvan, em Vera, a 70 quilômetros de Sinop, choveu bem na semana passada, depois de muita preocupação. Em parte dos dois mil hectares que planta, foram dias inteiros sem água. Como a situação melhorou, a produção não será perdida. Só que assim o grão demora mais para brotar, e Galvan tem pressa.

Ao mesmo tempo o dólar segue abaixo de R$ 1,75, e uma simples referência ao câmbio azeda o clima na sala da presidência do Sindicato Rural de Sinop, ocupada pelo gaúcho Galvan. O clima preocupa, mas é a fraqueza da moeda americana que tira o sono dos sojicultores do principal pólo econômico desta sensível porção mato-grossense, com 30 municípios em sua área de influência.

Eles reclamam que, após aumento dos custos de insumos e fretes em dólar - o escoamento da produção local pelo Norte espera a conclusão da BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA) -, agora é o câmbio que achata as margens de lucro. Sem falar do endividamento acumulado nas duas últimas safras, marcadas por crise de renda.

Mas pior do que estava não vai ficar. As cotações da soja na bolsa de Chicago, principal referência internacional, estão em picos históricos e compensam pelo menos parte das perdas cambial e logística. Em geral foi possível reocupar parte de áreas deixadas de lado nas safras 2005/06 e 2006/07, e em Sinop o dinheiro voltou a circular.

Médicos atestam um reaquecimento nas consultas privadas. Os restaurantes estão mais cheios. Os hotéis, mais movimentados. As clientes voltaram às lojas de grife.

Dificilmente há lugares vagos no vôo diário da Trip que parte de Cuiabá, capital do Estado, faz escala em Sinop, 700 quilômetros ao norte, e termina em Alta Floresta, um pouco mais para cima.

A arrecadação de ICMS, que chegou a R$ 100 milhões por ano entre 2003 e 2004 e caiu 30% depois disso, dá sinais de recuperação. A dívida ativa do município cresceu a partir de 2005 e soma R$ 40 milhões, mas a expectativa da prefeitura é de queda, ainda que em algumas frentes a situação esteja longe de ser boa.

Sinop acaba de iniciar uma ofensiva para cobrar dívidas do IPTU de 2003, que somaram R$ 1,1 milhão, e em 2007 o débito deverá alcançar R$ 6 milhões, ou 50% do valor que deveria ser arrecadado.

"Só que hoje o município é diversificado, apesar de as principais atividades econômicas ainda serem madeira, agricultura e pecuária. Temos mais de 4,8 mil prestadores de serviços. Quem no norte do Mato Grosso precisa de informação e equipamentos, encontra em Sinop. Tanto que, após a crise de 2005 e 2006, o comércio cresce 6,5% em 2007", afirma o prefeito da cidade, Nílson Leitão (PSDB).

São nove agências bancárias e dezenas de concessionárias de máquinas agrícolas e automóveis, mas o sinopense se orgulha mesmo é de seu pólo de educação. O município tem oito faculdades. A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que oferece nove cursos em Sinop, constrói o segundo maior centro veterinário do país, forte em genética.

Mas essa diversificação foi turbinada pelo agronegócio, e é a força das atividades ligadas ao setor que a sustenta. Grande parte da madeira e da soja produzidas na região é exportada, e por isso câmbio e logística são problemas discutidos em qualquer esquina, acompanhados de perto com interesse e apreensão.

Leis ambientais mais severas, que não permitem mais expansões desvairadas como na época da colonização da região, no início dos anos 70 - quando o lema militar era "integrar para não entregar" -, determinam o aumento de áreas de preservação e também restringem ganhos de escala dos produtores que levam a sério seu negócio, grande maioria em Sinop e arredores, como até o Ibama reconhece.

Aos desmatadores compulsivos de plantão, foras da lei para os quais sustentabilidade é um detalhe que pode ser desprezado, resta escapar da frágil fiscalização do poder público, que tenta melhorá-la com convênios e cooperação entre órgãos federais, estaduais e municipais.

A discussão sobre como se deve preservar o meio ambiente é passional em Sinop, primeiro pólo mato-grossense localizado no bioma amazônico. Todos os discursos são favoráveis à preservação, mas madeireiros, produtores de soja e pecuaristas argumentam que isso não pode significar, por causa de uma nova lei, a desocupação de áreas produtivas ocupadas legalmente conforme regras anteriores menos restritivas.

Para isso pedem uma compensação financeira, uma espécie de subsídio ambiental. "Se tivermos que parar, temos que ser compensados", defende Antonio Galvan - que garante nunca ter sido autuado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente ou pelo Ibama.

Opinião semelhante tem o paranaense Ilson José Redivo, vice-presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte do Mato Grosso (Sindusmade). "Sem controle mais rigoroso, nossa atividade acabaria em 20 anos. Mas é preciso entender que as regras mudaram muito. Em 1978, por exemplo, mata ciliar podia ter apenas cinco metros. Todo mundo já deixava muito mais, porque cinco metros não adianta nada". Hoje, por lei, são 500 metros.

Redivo também pede agilidade, por exemplo, na aprovação de projetos de manejo florestal permitidos por lei, que vêm esbarrando em burocracia e falta de interesse das autoridades competentes.

O prefeito Nílson Leitão, natural do Mato Grosso do Sul, pondera que Sinop perdeu até agora 20% da floresta que tinha quando foi fundada, há 28 anos, enquanto em vizinhos importantes o desmatamento chegou a 90%. Ele informa que, nesse campo minado, a política da prefeitura passa por planos de desenvolvimento regionais e estimula atividades "economicamente viáveis e ecologicamente corretas".

Com esse discurso, a ascensão política de Leilão foi meteórica. Eleito vereador em 1997, virou deputado estadual em 1998 e prefeito em 2000, reeleito em 2004. Carismático, teve a imagem arranhada quando recentemente foi detido pela Polícia Federal na Operação Navalha, por suposto desvio de recursos públicos. Foi liberado e até agora não há provas de seu envolvimento no crime.

Roberto Martins Agra, gerente-executivo do Ibama em Sinop, sustenta que a lei que reduziu de 50% para 20% a área passível de ocupação produtiva das propriedades rurais da região tem de ser cumprida. "Não se trata de concordar ou não". Portanto muitos produtores terão de fato que recuperar áreas desmatadas.

Ele afirma que a fiscalização foi intensificada com novas unidades operacionais e monitoramento via satélite, em linha com o Plano de Ação de Prevenção e Combate ao Desmatamento da Amazônia Legal, que envolve 17 ministérios. Lembra que no Congresso Nacional ainda há muita discussão e propostas sobre o tema e admite que há muitos desafios pela frente.

No caso do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) em Mato Grosso, diz, é preciso mais recursos e "maior sensibilidade (nem sempre positiva) a interesses locais e regionais". O Sisnama apóia-se na gestão do ambiente integrada por todos os poderes. Para Agra, operações como a Curupira, de 2005, e o aumento de autos lavrados por desmatamento, a partir daquele ano, mostram que a questão tem sido levada a sério.

Para o paulista Antonio Marangoni, presidente do Conselho de Desenvolvimento do Norte do Mato Grosso (Codenorte), a vocação de Sinop é o agronegócio e a atividade terá de ser, sim, sustentável.

Pecuarista, ele engrossa o discurso conservacionista e prevê o avanço de grãos sobre pastagens e o aumento do número de confinamentos de gado na região. A partir daí, vislumbra a retomada do desenvolvimento dos elos posteriores da cadeia, com a chegada de processadoras de soja, mais frigoríficos, fábricas de sapatos e têxteis, entre outras indústrias.

Segundo dados da prefeitura, havia 4.827 empresas no município de Sinop até 2000. Em julho deste ano, eram 9.295. Este crescimento recente, que perdeu fôlego com a crise dos grãos, nada tem a ver com madeira.

Em meados dos anos 80, havia na região de Sinop mais de 700 madeireiras. Hoje, são pouco mais de 200 empresas filiadas ao Sindusmade, segundo Redivo. Ele, que deixará a área este ano, diz que a produção atual não chega a 20% do que já foi.

A retomada do ritmo de desenvolvimento de Sinop esbarra, todavia, nos nós (câmbio, logística, meio ambiente) que esquentam as discussões na cidade. O Valor apurou que a gigante Bunge transferiu o projeto de construção de uma processadora de grãos no norte de Mato Grosso de Sorriso para Nova Mutum. Sorriso, a 80 quilômetros de Sinop, está no cerrado. Mas, para a múlti, perto demais de uma enxaqueca ambiental.

Para os sojicultores de Sinop foi um golpe duro. O carro-chefe do forte crescimento da primeira metade desta década foi o grão, assessorada pelo arroz. A soja despontou em Sinop há cerca de dez anos. Seu plantio, muitas vezes em antigas áreas de pastagens, foi impulsionado pelo fim da paridade entre real e dólar, em 1999, e pelo boom de preços da commodity, em 2003 e 2004.

Neste período a cidade cresceu e se modernizou mais rapidamente do que nos anos iniciais da madeira, quando muitos madeireiros sequer vivam em Sinop. Hoje seus mais de 100 mil habitantes - o crescimento chegou a 10% ao ano antes da crise - dispõem de centros de saúde procurados por pacientes dos 30 municípios do pólo. O atendimento é feito por quase 200 médicos, que entre os profissionais liberais só perdem, em número, para os advogados.

Oito edifícios estão de pé no centro da cidade, e outros começam a ser construídos. Uma neurologista que vive em Sinop mas viaja constantemente para Cuiabá vive em um desse edifícios. A violência chegou com o desenvolvimento, diz, e não se pode mais deixar a chave do carro na ignição ou a porta da casa aberta. Um edifício é mais seguro.

Apesar da crise, investimentos públicos e privados não foram paralisados, ainda que obras de infra-estrutura tenham perdido o gás. Mas, nos últimos meses, como o dinheiro voltou a circular, asfaltamentos de ruas, recapeamento de trechos dos 40 quilômetros "urbanos" da BR-163, dragagem de córregos e outras obras reviveram.

Com aporte de R$ 1 bilhão, está sendo erguido na cidade um centro de eventos e turismo. Perto dele, a Igreja Universal do Reino de Deus constrói um templo em forma de ginásio de esportes, em uma tentativa de disputar fiéis com a igreja católica, que inaugurou em Sinop, em setembro, sua maior catedral no Estado de Mato Grosso.

Parte da melhora financeira recente veio das vendas antecipadas de soja da safra 2007/08 para as grandes tradings, nem sempre pelos atraentes preços atuais. Outra parte veio do crédito rural federal. Segundo José de Arimatea Ribeiro, gerente do Banco do Brasil em Sinop, os pedidos de liberação de crédito para custeio da safra somam R$ 13 milhões - R$ 6 milhões já liberados.

"Precisamos chegar a pelo menos R$ 20 milhões este ano". É a primeira safra do gerente em Sinop, mas há 25 anos ele trabalha no Mato Grosso. Ribeiro lamenta a inadimplência dos últimos dois anos. Mas, como quase todo mundo que escolheu Sinop para viver nos últimos 28 anos, ele já se comporta como um bom sinopense. Orgulha-se da cidade, está otimista e prevê tempos melhores. FONTE: Valor Econômico ? SP



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