Estudo do economista Marcio Pochmann, divulgado nesta quinta-feira (09), mostra que o aumento do número de sindicalizados obedece à dinâmica do mercado de trabalho e é impulsionado pela agricultura familiar
Por Carlos Juliano Barros
O índice de trabalhadores brasileiros de uma mesma categoria que estão filiados aos seus sindicatos - hoje, na casa dos 18% - vem crescendo a partir de 2000. A escalada é puxada principalmente pelos trabalhadores do meio rural e do setor terciário urbano, com destaque para a crescente participação das mulheres. No entanto,a taxaainda é bem inferiorà que se verificava no final dos anos 80, quando um de cada três trabalhadores no país pertencia à entidade de classe que o representava. Do ponto de vista geográfico, as taxas de sindicalização aumentaram principalmente nas regiões Nordeste e Centro-Oeste. Essas são algumas das conclusões apontadas em estudo elaborado por Marcio Pochmann, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em economia do trabalho, sobre a trajetória da sindicalização no Brasil e a situação dos empregados terceirizados no Estado de São Paulo. A pesquisa, encomendada pelo Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros (Sindeepres), foi divulgada na manhã desta quinta-feira (09).
De acordo com a pesquisa, essa recuperação da taxa de sindicalização sucede a década de 90, período em que,segundo o estudo,houve "predomínio das políticas de corte neoliberal", "queda no nível das ocupações e remunerações", além do "avanço de novas formas de contratação (terceirização, cooperativas, trabalho autônomo, etc)". Porém, a nova onda de crescimento da taxa de sindicalização é diferente da ocorrida nos anos 70 e 80, quando se verificou um salto na organização dos trabalhadores do setor industrial, também chamado de secundário, que projetou entre outros nomes importantes da cena política nacional a figura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para o professor, a nova roupagem do sindicalismo no Brasil obedece à dinâmica atual do mercado de trabalho. "Hoje, de cada 10 empregos, sete estão no setor terciário, de serviços. Em países mais desenvolvidos, como nos Estados Unidos, por exemplo, ele responde por 85% do total de ocupações. Esse setor ainda vai crescer muito", afirma.
Já no meio rural, o aumento do número de trabalhadores associados às suas entidades de classe pode ser explicado pelo desenvolvimento da agricultura familiar, que vem ganhando corpo nos últimos anos através de linhas especiais de financiamento, como o Pronaf. A intermediação feita pelos sindicatos entre os trabalhadores rurais o governo, viabilizando o repasse de verbas, é uma das explicações para o aumento da taxa de sindicalização da categoria.
Fonte: site Repórter Brasil
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