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SEM-TERRA PROMOVEM QUEBRA-QUEBR
Sem-terra promovem quebra-quebra
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26 de Março de 2008

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Tisa Moraes

Borebi - Cerca de 80 militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) invadiram ontem o prédio da Prefeitura de Borebi (45 quilômetros de Bauru) para reivindicar melhores condições de transporte para as crianças do acampamento Noiva da Colina, localizado às margens da rodovia da Amizade, que interliga Borebi a Agudos.

O prefeito Luiz Antônio Finotti Daniel conta que, como a perua que leva os alunos até a escola municipal estava quebrada desde anteontem, as crianças foram transportadas na manhã de ontem em uma Belina. Os sem-terra teriam se revoltado porque algumas delas teriam sido acomodadas dentro do porta-malas do carro, "como se fossem porcos", conforme teriam dito ao prefeito.

O serviço, terceirizado, é prestado gratuitamente pela prefeitura a aproximadamente 25 estudantes do acampamento desde o início do ano. Indignados, por volta das 16h, os sem-terra invadiram a prefeitura e quebraram um balcão, uma mesa, um ventilador, troféus e vidros das janelas e da porta de entrada. Os prejuízos foram estimados em R$ 5 mil. Apesar da destruição, nenhum funcionário ou manifestante ficou ferido.

Para garantir a segurança no local e conter os ânimos, cerca de oito viaturas e 25 homens da Polícia Militar (PM) - vindos de Bauru, Lençóis Paulista e Agudos - foram deslocados até a cidade. Além deles, outros 25 policiais civis também deram cobertura. No entanto, não foi preciso uso de força física e ninguém foi preso.

"Em um primeiro instante, os manifestantes disseram que o intuito era que todos invadissem o gabinete da prefeitura. Depois de muito diálogo, eles aceitaram formar uma comissão com cinco membros do grupo para poder conversar com o prefeito", revela o tenente Ricardo Folkis, comandante de 5.ª Companhia da PM.

Improviso

Conforme explicou o prefeito, a empresa prestadora do serviço teria optado por transportar os alunos em um veículo, mesmo que inapropriado, para que eles não ficassem sem assistir às aulas. "Mas claro que esse não foi o procedimento correto. Já que não havia perua, era melhor que as crianças ficassem em casa", observa. Ele afirma que ainda irá contatar os responsáveis para apurar possíveis irregularidades.

Ana Flávia da Silva, uma das proprietárias da empresa, confirmou à reportagem que houve um problema mecânico na perua utilizada para transportar os alunos, mas que não houve tempo hábil para alugar um outro veículo semelhante. "Sempre que nossa perua quebra, alugamos uma outra, ou até mesmo uma van, mas dessa vez não encontramos veículos disponíveis na cidade. Ficamos sem opções", lamenta.

Demonstrando estar surpresa com a reação dos acampados, ela não confirma que as crianças tenham sido carregadas dentro do porta-malas do carro. "Fiquei apavorada. Ainda não conversei com o nosso motorista, mas tenho certeza que ele não faria um negócio desses", diz. Ela ressalta que uma nova perua já foi providenciada e o serviço seria normalizado ainda na tarde de ontem.

Apesar de nenhum manifestante ter sido preso, o delegado da cidade, Eduardo Herrera dos Santos, destacou que os cinco membros da comissão formada pelos sem-terra foram qualificados e responderão, como representantes do grupo, a inquérito por dano ao patrimônio público. Nenhum manifestante foi localizado pela reportagem para comentar o assunto.

Segundo o prefeito da cidade, o acampamento existe há cerca de quatro meses e a área ocupada está em processo de desapropriação a pedido do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), para que as famílias sejam assentadas. FONTE: Jornal da Cidade de Bauru ? SP



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