José Maria Tomazela
Cerca de 70 integrantes do Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast) invadiram ontem de madrugada a Fazenda Nova Lagoinha, em Presidente Epitácio, no Pontal do Paranapanema (SP). Foi a 18ª invasão desde o domingo de carnaval, quando o líder dissidente do Movimento dos Sem-Terra (MST) José Rainha Júnior deflagrou o chamado "carnaval vermelho".
O total ainda é inferior às 22 invasões realizadas por grupos ligados a Rainha no fim de junho. Os movimentos estão se revezando: anteontem, integrantes do Unidos pela Terra e Fome Zero (Uniterra) ocuparam a Fazenda Santo Antônio e sábado outros militantes do Mast invadiram a Fazenda Santa Maria, em Presidente Epitácio.
Segundo a Polícia Militar, os sem-terra saíram do Acampamento Novo Mundo Rural e derrubaram a porteira para entrar na Nova Lagoinha, por volta de 1 hora. A propriedade é dedicada à criação de gado e considerada produtiva. A coordenadora do Mast, Wilma Manete, disse que os animais são criados em área de reserva. O responsável pela propriedade, Álvaro Francisco, não foi localizado.
Wilma contou que as famílias estão sob a lona há mais de três anos. A demora em assentar os sem-terra levou os movimentos a se juntarem a Rainha para ganhar força na cobrança ao governo. "Nosso protesto é contra o imobilismo do Estado." Para o presidente do Mast, Lino de Macedo, o "carnaval vermelho" não acabou. "Temos áreas para ocupar em Panorama e Dracena."
Segundo ele, os líderes e Rainha se reúnem hoje para definir novas ações. "Enquanto o governo não falar com a gente e se mexer, vamos continuar a mobilização." Macedo destacou o apoio de sindicatos rurais. O MST tem ligação com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Mast com a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB). "Lutamos juntos e um apóia quando o outro precisa."
Para diretor do Itesp, invasões têm motivação política
O diretor-executivo do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), Gustavo Ungaro, acusou os sem-terra de usar as invasões no Pontal para fazer política. "Invadem aqui para abrir as portas do Planalto", disse. "A cada ano, eles têm uma justificativa diferente para as invasões." FONTE: Estado de São Paulo ? SP