JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
Um grupo de sem-terra invadiu uma propriedade rural do fazendeiro Jorge Gonçalves, em Piranhas (AL), e destruiu a casa em que ele morava com a família, de acordo com informações da Polícia Civil.
O fazendeiro foi preso em flagrante na quarta-feira sob suspeita de tentativa de homicídio, quando nove agricultores, que tentavam invadir outra fazenda de Gonçalves na região, foram baleados. Nenhum morreu.
A invasão à fazenda Picos, anteontem, culminou com a destruição da casa-sede da fazenda, afirma a polícia. Não havia funcionários na propriedade no momento da ação. Após o ataque, o grupo deixou o local.
"Destruíram completamente [a casa]. É terra arrasada. Cama, computador, móveis, tudo quebrado. Soltaram o gado. Foram os sem-terra. Acho que foi uma retaliação ao que houve na outra fazenda", disse o delegado de Piranhas, David Peixoto.
O delegado afirmou que a destruição foi causada por integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que estão na fazenda Lagoa Comprida -que também pertence a Jorge Gonçalves e foi invadida na última quarta-feira, após os agricultores terem sido baleados.
Sobre o conflito de quarta, integrantes do grupo disseram à polícia que foram recebidos à bala pelo fazendeiro e pistoleiros. O advogado de Gonçalves, Lenilson de Santana, negou o ataque e afirmou que seu cliente foi espancado antes dos tiros.
Na versão de Santana, os disparos foram feitos por um funcionário da fazenda e por um colega de Gonçalves, "em legítima defesa".
O advogado afirmou no final da tarde de ontem que conseguiu na Justiça em Piranhas o relaxamento da prisão de Gonçalves. A informação foi confirmada pelo delegado do município. A Secretaria de Estado da Defesa Social informou por volta das 18h que Gonçalves continuava preso em Maceió.
Débora Nunes, da coordenação nacional do MST, disse que desconhecia a informação de que havia ocorrido algum tipo de ação de integrantes do MST na fazenda Picos.
"Não confirmo nem nego, porque não temos comunicação com a área. A única informação que temos de lá é que as famílias continuam acampadas na Lagoa Comprida", disse ela.
Na manhã de ontem policiais civis e militares realizaram buscas em acampamentos do MST e propriedades rurais na região de Piranhas à procura de armamentos. Nada foi encontrado e ninguém foi preso. As buscas ocorreram por determinação da Justiça Estadual. FONTE: Folha de São Paulo ? SP