28/12/2007
Quebrar as resistências dos produtores continua a ser o principal desafio para a massificação do seguro rural no país. Governo e empresas seguradoras têm atuado para reduzir o custo das apólices e ampliar os subsídios ao prêmio pago pelo produtor desde 2005, mas a popularização desse instrumento de garantia de renda apenas engatinha.
Mesmo com a política de subsídios ao seguro rural, parte dos produtores brasileiros ainda não contrata a cobertura ou prefere a proteção limitada oferecida pelo antigo Proagro. Na tentativa de alavancar o instrumento, a subvenção federal ao seguro deve ter um orçamento de R$ 200 milhões em 2008 - neste ano, foram R$ 99,5 milhões. E está prevista a ampliação da cobertura para novas culturas, Estados (alguns deles mantêm políticas independentes de apoio) e companhias seguradoras.
No balanço de 2007, é possível ver um bom avanço nos principais indicadores do produto com subvenção federal. E a decisão do Banco do Brasil de condicionar a concessão do crédito de custeio à contratação do seguro, que forçou a propagação inicial, também elevou a participação da instituição no seguro rural em 2007.
Responsável por 60% das operações de crédito rural no país, o BB passou a deter metade de todo o capital segurado pelo instrumento de garantia de renda. Dados consolidados pelo Ministério da Agricultura nesta semana mostram que os produtores fizeram seguro rural para R$ 2,43 bilhões, desempenho 18% inferior aos R$ 2,87 bilhões registrados em 2006. Só o BB assegurou R$ 1,2 bilhão de capital, 35% mais que no ano passado. "Isso demonstra a medida acertada do banco em conjugar seguro com custeio", afirma José Carlos Vaz, diretor de Agronegócios do BB.
Em termos de cobertura, o seguro rural cresceu 32% neste ano, chegando a 2,06 milhões de hectares de lavouras - em 2006, foram 1,56 milhão. No Banco do Brasil, 45% de todo o custeio de soja foi contratado com seguro. Foram R$ 900 milhões de capital segurado em 12 mil contratos. Na soja, o instrumento avançou mais no Paraná (80%), São Paulo (76%), Mato Grosso (68%) e Goiás (44%). No total, as seguradoras fizeram R$ 1,15 bilhão em apólices.
O Banco do Brasil também dominou nas lavouras de milho: 30% dos custeios foram contratados com seguro. Foram R$ 300 milhões em cerca de quatro mil contratos. Produtores do Paraná (56%) e de Goiás (50%) lideraram. No total, foram contratados R$ 350,6 milhões. "Algumas áreas ainda preferem o Proagro pela cobertura maior e um custo menor da apólice", afirma Vaz.
Para as seguradoras, o instrumento também foi um ótimo negócio. Os prêmios pagos cresceram 66% na comparação dos últimos anos. A arrecadação passou de R$ 71,12 milhões para R$ 118,23 milhões. Em subsídios aos prêmios, o governo federal gastou R$ 56,6 milhões até aqui - 82% acima dos R$ 31,1 milhões de 2006. Mas esse volume deve ser maior, já que algumas operações ainda serão processadas em janeiro. Até ontem, estimava-se um adicional de R$ 3,8 milhões.
As contratações globais, porém, não serão suficientes para garantir o desembolso dos R$ 99,5 milhões previstos no orçamento de 2007. "Houve alguns problemas com sistemas de seguradoras, mas o maior entrave ainda é a falta de demanda", explica a coordenadora do Programa de Subvenção ao Seguro Rural, Andressa Beig Jordão. FONTE: Valor Econômico ? SP