Da Assessoria
Os trabalhadores que vivem em assentamentos rurais no estado reclamam da falta de apoio e infra-estrutura para desenvolver a agricultura familiar. Entre as reivindicações mais constantes se destacam as de medidas urgentes para sanar os problemas de má conservação de estradas; demora nas vistorias para liberar recursos; falta de água, energia, maquinários e assistência técnica; escolas; recursos para moradia e linhas de financiamentos.
Considerando as necessidades dos trabalhadores rurais, a Assembléia Legislativa realizou no último sábado (01), uma audiência pública na Câmara Municipal de São José do Povo, com a finalidade de discutir as políticas de fortalecimento da agricultura familiar, tirar dúvidas, resolver questões e aproximar as famílias dos setores ligados à reforma agrária.
"O Banco do Brasil tem recursos para construção e reforma de casas, que estão ´parados´ a mais de um ano e não são liberados porque ninguém faz a vistoria nos assentamentos; estradas que a mais de quatro anos estão sem serviço de recuperação e muitas famílias que passam a manhã inteira buscando água porque não têm o produto disponível em suas propriedades. Precisamos de ações rápidas para não acabar com a agricultura familiar", cobrou o representante do Movimento dos Trabalhadores Acampados e Assentados (MTA), Valdir Correia.
O trabalhador rural do assentamento Wilson Medeiros, localizado na divisa dos municípios de São José do Povo e Pedra Preta, Wilson Tavares, questionou a falta de oportunidade das crianças irem para a escola e também destacou que o assentamento fica isolado durante boa parte do ano devido à má conservação da malha viária. "Nossas crianças não conseguem ir para a escola. Nós produzimos mais de 60 mil litros de leite ao mês e, muitas vezes, não conseguimos fazer o transporte dos produtos por falta de pontes e estradas", reclamou.
O superintendente do Incra Regional, João Bosco de Moraes, destacou algumas medidas para amenizar os problemas relacionados à agricultura familiar. De acordo com ele, existe a expectativa do orçamento do órgão para esse ano ser triplicado para poder atender melhor as necessidades dos assentados. "Também vamos estudar uma forma de fazer licitação direta pelo Incra para atender ações de infra-estrutura sem precisar passar por prefeituras, que ás vezes, por estar inadimplente, perde os recursos".
Segundo o superintendente, este mês o Incra passa a contar com mais 12 engenheiros agrônomos e nove analistas. O órgão também esta firmando convênios com a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) para ampliar a assistência técnica aos produtores e com o Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat) para criar um banco único de dados e realizar um trabalho conjunto na realização de topografias. Dal´Bosco também garantiu que equipes do Incra irão realizar as vistorias nos assentamentos para liberar os recursos para construção e reforma das casas.
"Nós temos que sensibilizar toda classe política para investir mais na agricultura familiar, porque se não apoiarmos o trabalhador rural ele vai abandonar o campo e ir para a cidade. Agora se você der infra-estrutura, tratar com dignidade, ele vai ficar na área rural, produzir e gerar mais emprego e renda como uma indústria", destacou o deputado estadual José Carlos do Pátio (PMDB).
De acordo com o deputado estadual Sebastião Rezende (PR), muitos assentamentos da região Sul dependem especialmente de ações do poder público. "Essa audiência fez com que autoridades estaduais e federais viessem ouvir a população e muitos problemas relatados aqui terão uma solução como foi afirmado por representantes de alguns órgãos", comemorou.
"Fiquei satisfeito com a audiência porque foram feitas várias perguntas e elas tiveram respostas bem explicadas, bem esclarecidas", disse o presidente da Câmara Municipal de São José do Povo, vereador Jovelino Teotônio.
A audiência foi requerida pelos deputados estaduais Zé Carlos do Pátio e Sebastião Rezende atendendo solicitação dos trabalhadores rurais, e do vereador Genésio Feitosa, de São José do Povo. Participaram do evento representantes do Incra, Seder, Conab, Empaer, MT Regional, Banco do Brasil e coordenadores do MST, MTA, CPT E Fetagri. FONTE: O Documento ? MT