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SALÁRIO REPOSTO PARA 96% DAS CA
Salário reposto para 96% das categorias
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18 de Março de 2008

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Ullisses Campbell

Correspondente

São Paulo - Balanço divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em São Paulo, aponta que os trabalhadores venceram a maior parte das quedas-de-braço travadas com os patrões em 2007. Das 715 negociações salariais ocorridas no ano passado em todo o país, houve reajuste maior ou igual à inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior em 96% delas. Este é o quarto ano consecutivo em que mais de 70% das negociações conseguem repor o poder de compra da classe trabalhadora. No Distrito Federal, o resultado ficou aquém do nacional. Das 25 negociações realizadas exclusivamente na capital federal ao longo do ano, 92% ficaram iguais ou superiores à inflação. Apesar do desempenho inferior, apenas dois acordos não cobriram o aumento de custo registrado no ano.

O balanço revela também que, desde que o Dieese passou a acompanhar os acordos salariais, em 1996, os trabalhadores nunca haviam alcançado êxito como no ano passado. Segundo dados do Sistema de Acompanhamento de Salários (SAS), o número de acordos que fecharam com aumento real de salários chega a 88% do total. Vale ressaltar que o estudo acompanha somente as negociações salariais da indústria, comércio e serviços.

Para o economista Eduardo Chagas, da Universidade de São Paulo, os bons resultados decorrem do cenário econômico propício para reposições salariais, já que em 2007 houve crescimento econômico, estabilidade inflacionária e queda na taxa de desemprego. "As exportações do setor do agronegócio, por exemplo, chegaram a R$ 60 milhões em um ano. É o maior valor já registrado até hoje pelo governo", ressalta Chagas.

Embora o Dieese tenha registrado desempenho positivo nas negociações salariais, os ganhos reais diminuíram, quando comparados com o ano anterior. Em 2006, segundo o estudo, 70% dos reajustes apresentaram aumento real que superavam em mais de 1% o INPC. Também houve queda em relação à proporção de reajustes que superaram 3% de aumento. Neste caso, redução foi de 14% para 6%.

As categorias profissionais que mais se deram bem na hora de negociar foram as do setor industrial. Elas fecharam o ano com o maior número de acordos selados acima do INPC (94%). No ano passado, essa taxa ficou em 90%. O comércio aparece em seguida, com 85%. Em 2006, ficou em 91%. Já o setor de serviços fechou 81% dos acordos acima do INPC. Na análise do supervisor do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira, os empregados da indústria foram os mais beneficiados porque o setor foi o carro-chefe da economia em 2007, com crescimento mais consistente e puxado pelo mercado doméstico. "Também é um setor mais homogêneo. O de serviços é mais pulverizado, abrange desde banco até pequenas atividades. Além do mais, tem menos tradição sindical do que as outras categorias", ressaltou.

O levantamento constatou ainda reajuste igual ao INPC em 59 negociações e variação inferior à inflação em 29 delas. "Os resultados favoráveis vêm de um ambiente propício à negociação coletiva, por conta do cenário positivo e da ação sindical", conclui. José Silvestre prevê que em 2008 também haverá êxito nas negociações salariais por conta do aumento de 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) e outros fatores. "Se o governo conseguir manter a inflação em 4,5% ao ano se o crescimento econômico passar dos 5%, será fácil manter este patamar", ressalta o consultor do Dieese.

Distrito Federal

Na capital do país, os trabalhadores também obtiveram vantagens sobre 2006. A quantidade de acordos que ao menos cobriram a inflação passou de 89% em 2006 para 92% no ano passado. A maioria deles garantiu ganhos reais aos trabalhadores. Em 2007, 22 categorias receberam aumentos acima da inflação, a maioria delas entre 1% e 3%. Entre elas estão os metalúrgicos (2,47%) e vigilantes (1,5%). Não tiveram o poder de compra recuperado os profissionais de saúde da cidade, como funcionários de clínicas, laboratórios e hospitais, além dos trabalhadores das empresas de garagem, estacionamentos e de conservação de carros. Segundo o supervisor do Dieese no DF, Clóvis Scherer, apesar de cobrirem a inflação, os reajustes deveriam ser maiores. "Os aumentos não estão compatíveis com o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), de 5,4%. É este o percentual de ganho real que os trabalhadores deveriam ganhar, para que o bolo fosse distribuído igualmente", afirma. (Colaborou Mariana Flores) FONTE: Correio Braziliense ? DF



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