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SAFRA RECORDE NÃO ELIMINA RISCO
Safra recorde não elimina risco de alta
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09 de Maio de 2008

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safra recorde não elimina risco

A safra de grãos do país deve bater recorde este ano. Segundo pesquisa divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a expectativa é colher 142,03 milhões de toneladas no período 2007/08, cifra 7,8% superior à do ciclo anterior, cuja produção foi de 131,75 milhões de toneladas. Os técnicos da estatal apontaram as boas condições climáticas registradas nos últimos meses, com melhor distribuição das chuvas em todo o país, o aumento dos investimentos e a melhora da tecnologia no campo como os responsáveis pelo avanço da produção nacional.

O maior destaque continua com a soja, que participa com 41,89% do total (59,50 milhões de toneladas) e 1,9% superior à produção passada, de 58,39 milhões de toneladas. Em seguida, vem o milho com 40,69% da safra (57,80 milhões de toneladas), o que representa 6,43 milhões de toneladas a mais que o do período anterior. Juntas, essas culturas são responsáveis por 82,59% do total.

Para André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), os bons resultados da safra reduzem as tensões sobre o preço dos alimentos, mas não devem ser suficientes para conter a alta desses itens. "Uma boa safra sempre abre espaço para preços menores, mas é preciso considerar que a demanda está aquecida nos quatro cantos do globo", afirmou o economista.

Os alimentos continuaram em alta na última análise do IPC-S, fechada em 7 de maio. O indicador apresentou variação positiva de 0,83%, 0,11 ponto percentual acima da apurada em 30 de abril. O grupo alimentação, cujos preços subiram 2,07%, foi, mais uma vez, o principal responsável pela alta do índice. A expansão do arroz somou 4,20% este ano e 9,27% nos últimos 12 meses. "Ainda há espaço para aumento de 8 pontos percentuais na variação desse item", avisou Braz. O feijão, ao contrário, apresenta tendência de queda. No ano, caiu 0,5%, porcentagem ainda pequena perto dos 138,8% de disparada acumulada dos últimos 12 meses.

Os acréscimos nos preços devem ser sentidos, principalmente, nos alimentos industrializados. "O aumento do óleo diesel é mais um item somado aos custos crescentes que, em algum momento, serão repassados aos consumidores", disse. As hortaliças e legumes, que neste ano acumulam alta de 9,99%, não devem permanecer em patamar elevado. "Esses alimentos acabam se mantendo em uma média de preços em longo prazo", explicou o especialista. Nos últimos 12 meses, esse item acumula queda de 0,11%.

As medidas que serão anunciadas dentro de um mês pelo governo, somadas aos elevados preços dos alimentos no Brasil e no mundo, vão permitir um aumento de cerca de 5% na safra de 2008/09, segundo o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Ele aposta em uma nova alta de preços dos alimentos no mundo porque "há um desequilíbrio entre oferta e demanda".

Stephanes ressaltou que os estoques mundiais de alimentos estão caindo. Para o curto prazo, no entanto, ele não acredita em novos aumentos de preço, pois o impacto da reduzida oferta mundial já foi absorvido pelo mercado. O ministro salientou que há três ou quatro anos nenhum economista, inclusive da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), poderia prever a alta recente dos preços dos gêneros alimentícios. Para o ministro, o aumento atual é reflexo do crescimento da demanda mundial por alimentos.

Previsão de crise até 2015

O presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick, afirmou ontem no México que a crise mundial dos alimentos permanecerá até 2015, com altas nos preços, especialmente dos grãos. "Os níveis dos preços em 2015 serão mais altos do que em 2004, devido ao crescimento da demanda dos países em desenvolvimento", declarou. Ele afirmou que se espera "que haja uma resposta por parte da oferta para que os preços reduzam um pouco entre 2009 e 2010; mas que em termos gerais a previsão é de que eles continuarão elevados até 2015".

Zoellick considerou urgente que todos os países modifiquem suas políticas de produção alimentícia a fim de garantir a provisão dos grãos básicos às populações. Para ele, uma saída é que "haja uma resposta da oferta para baixar os preços". "Esperamos um aumento da oferta de alimentos que permita frear os preços entre 2009 e 2010", disse.

O presidente do Bird destacou que a instituição que dirige convocou todos os países-membros a estabelecer um fundo de emergência de US$ 750 milhões para apoiar as nações com problemas de abastecimento alimentício. O executivo também expressou sua confiança de que os países não estabelecerão medidas que afetem a produção agrícola, como os controles de preços. No caso do México, destacou que o país pode impulsionar o desenvolvimento de seu setor agropecuário com recursos financeiros e adubos, assim como aproveitando as pesquisas sobre mudança climática, entre outras medidas, com sementes melhoradas. FONTE: Correio Braziliense - 09/05/2008



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