- Municípios com tradição no cultivo de uva de mesa na região de Campinas (SP), como Vinhedo, Louveira, Jundiaí e Indaiatuba, estão se voltando ao plantio de uva para vinhos finos. As niagaras branca e rosada, além das variedades rubi e isabel, dividem espaço, agora, com vinhas de origem européia, como syrah, cabernet sauvignon, cabernet franc, sauvignon blanc, chardonnay e merlot.
O agricultor Antonio José Benvegnu, de Vinhedo, está satisfeito com o resultado dos 840 pés de uva syrah e 200 de cabernet sauvignon, e conta os dias para colher a primeira safra do parreiral vinícola. ''''Plantamos em 15 de setembro de 2006 e vamos colher perto do dia 15 de janeiro'''', diz Benvegnu, mostrando os cachos, quase maduros.
DESBASTE
A condição climática no período foi uma grande aliada. A carga de uva está muito boa, com uma média de 2 quilos por pé. Para a próxima safra, ele vai desbastar um pouco mais cada pé. ''''Com menos frutos no pé dá para formar cachos maiores, com mais açúcar e cor mais forte na casca.'''' Essas características se refletirão no vinho: maior poder de fermentação, maior teor alcoólico, mais cor e sabor.
A propriedade de Benvegnu está em uma localidade cercada por morros, conhecida como Vale do Buracão. ''''O vinho engarrafado com as uvas colhidas daquele lugar vai levar no rótulo Vale do Buracão'''', diz o presidente da Associação dos Vitivinicultores de Vinhedo (Avivi), Adilson Amatto, para valorizar a região na qual a bebida é produzida e competir com vinhos dentro da mesma faixa de preços.
''''Nosso clima é favorável, os agricultores sabem conduzir as videiras e reunimos condições para apresentar um produto final muito interessante'''', diz Amatto. As mudas de uva européia foram adquiridas em parceria com a Prefeitura de Vinhedo e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
ADESÃO
Outros municípios também aderiram ao programa. Em Louveira, um único produtor está com 2 mil pés de uva syrah. Uma produtora em Indaiatuba tem 3 mil pés, divididos entre cabernet de franc e syrah, e Jundiaí está com mais outras 3 mil videiras sauvignon blanc.
O vinho artesanal da região de Campinas sempre foi produzido com uvas trazidas do Rio Grande do Sul. ''''Mas o vinho feito com a uva fina colhida aqui criará uma identidade própria para a bebida e para o produtor'''', diz o pesquisador em Vitivinicultura José Luiz Hernandez, do Centro de Frutas do IAC, em Jundiaí.
Conforme Hernandez, já existe um esforço em revitalizar o agronegócio do vinho paulista, por intermédio da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo e da Universidade de Campinas (Unicamp). ''''A uva de mesa é muito valorizada, é um negócio lucrativo, cobre custos e dá lucro principalmente nesta época de Natal e ano-novo, quando aumenta o apelo pelo consumo.'''' Já o vinho surge como um agregador de valor da propriedade rural que mantém como tradição, desde a chegada da imigração italiana, a adega familiar de vinho próprio.
No empenho de promover a uva produzida no Estado de São Paulo, os institutos de pesquisa ligados à Secretaria de Agricultura vão contar quantas propriedades e quais os parreiras em atividade. Na região de Campinas, estima-se que sejam 4 mil hectares, com colheita de 50 mil toneladas na safra de verão e a outra metade na colheita de inverno. FONTE: Estado de São Paulo ? SP
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