Crato. A estimativa de safra recorde de grãos feitas pelo Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias do Ceará (Gcea/IBGE), baseada em dados do mês de abril, não surpreendeu os sindicalistas rurais do Cariri. Mesmo prevendo uma perda de safra de mais de 50% nos municípios da região, devido às fortes chuvas, eles reconhecem que a quantidade em queda pode ser expressiva no âmbito local mas, no levantamento estadual, favorece a safra maior em relação ao ano anterior, segundo estima o grupo coordenado pelo IBGE.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato, José Ildo, disse que o Gcea/IBGE tem uma visão global do Estado, enquanto as lideranças sindicais fazem uma análise por município, principalmente àqueles onde a média de chuvas superou os anos anteriores, comprometendo o plantio de grãos.
Nos municípios de Crato, Missão Velha, Caririaçu, Lavras da Mangabeira, Aurora e Nova Olinda as perdas são superiores a 50%. Ao reafirmar a estimativa, o sindicalista lembra que , este ano, a área plantada foi maior. "O agricultor acreditou na perspectiva de um bom inverno e plantou mais", disse.
A Delegacia Regional da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece), que representa 28 municípios da região Sul do Estado, tem uma previsão mais otimista. O delegado Chico Lopes garante que o índice de perda é menos de 15%. Este prejuízo, segundo afirma, está dentro do esperado. Todos os anos, a safra é prejudicada, por excesso, ou falta de chuvas e, principalmente por pragas.
Na zona norte do Estado, ainda não existem levantamentos oficiais a respeito das perdas de safra este ano. Mas, de acordo com as previsões do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Sobral, Raimundo Carneiro Portela, é possível que 50% da produção esteja perdida. Em relação à estimativa do Gcea/IBGE, ele diz que pode haver safra maior só se for nos perímetros irrigados. Já a gerente do escritório da Ematerce de Sobral, Inocência Fernandes Freire Linhares, que atende as cidades de Forquilha, Groaíras, Alcântaras e Sobral, as perdas nas safras dessas cidades serão mínimas. "A expectativa é que seja boa a produção. A situação do milho, pelo que se observa, será bem boa. As áreas alagadas são pequenas", disse Inocência.
CENTRO-SUL
Dados recentes apontam queda
Iguatu. Nos levantamentos mais recentes feitos por técnicos da Ematerce, Conab, sindicatos de trabalhadores rurais, associações comunitárias e pelos próprios produtores na região Centro-Sul, só são contabilizadas perdas nas áreas de plantio do Centro-Sul. Os últimos dados revelam crescimento significativo do índice de frustração de safra em decorrência da continuidade das chuvas que deixaram o solo com excesso de umidade. No município de Iguatu, por exemplo, no início de abril a estimativa parcial de perda de plantio era de 46%, mas agora em maio saltou para 60%, segundo o agrônomo Jaime Uchoa, do escritório da Ematerce em Iguatu.
Em Quixelô, o índice médio atual de perda da safra é de 65%. Há um mês era de 59%. Até o fim deste mês haverá nova avaliação que deve manter ou até ampliar a taxa de frustração da lavoura. De acordo com a pesquisa de campo, Icó, que sofreu cheia e inundação do Rio Salgado, apresenta neste mês um índice de perda da lavoura que varia de 60% a 70%. Há 30 dias era de 31%. Em Orós, os dados mostram que a queda na safra também é elevada, chegando a 60%. Um outro município bastante afetado com a perda do plantio de milho e feijão é Lavras da Mangabeira, na bacia do Rio Salgado, que sofreu grande cheia.
FONTE: Diário do Nordeste - 10/5/2008