Entre janeiro e março deste ano, Mato Grosso desmatou 149 quilômetros quadrados dentro da Amazônia, segundo dados apontados pelo Instituto Centro de Vida (ICV) em parceira com o Imazon, ONGs ambientais que adotam o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD).
O dado difere em pelo menos 500 quilômetros quadrados de área atingida quando comparado com os números apresentados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Com base no Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter), utilizado pelo Inpe, somente em fevereiro o Estado foi responsável por 639 quilômetros quadrados de devastação da floresta, o equivalente a 88% do total desmatado no bioma. Em março, porém, os dados do Deter apontaram uma redução de 84% na degradação da floresta no Estado, com o total de 112,4 quilômetros quadrados de território devastado.
Conforme o levantamento atual do SAD, São Félix do Araguaia, localizado na região nordeste do Estado (a 1.159 quilômetros de Cuiabá), foi o município que mais desmatou no período estudado, com 81 quilômetros quadrados, o que corresponde a 54% do total de área devastada em Mato Grosso.
Os dados ainda apontam outros municípios "campeões" de desmatamento. São eles Querência, também no nordeste (a 912 quilômetros da Capital), com 15 quilômetros quadrados desmatados, representando 10% da área, e Gaúcha do Norte, ao norte do Estado (a 595 quilômetros), com 11 quilômetros quadrados de desmate, representando 7% do total.
Conforme o levantamento, no primeiro trimestre deste ano o desmatamento ilegal atingiu 94% da Floresta Amazônica em Mato Grosso. Em janeiro, foram 37 quilômetros quadrados, em fevereiro, 51, e em março, a quantidade de área desmatada somou 61 quilômetros quadrados. De acordo com o SAD, no período analisado não houve desmatamento em assentamentos agrários e nem em regiões de proteção ambiental.
De acordo com o diretor executivo do ICV, Sérgio Guimarães, os dados levantados pelos dois sistemas se diferem por adotarem categorias diferentes. "O Inpe deve estar adotando uma nova categoria de degradação, a qual o nosso instituto não avalia", afirmou. Segundo o diretor, os dados contidos no relatório não incluíram outras ocorrências de degradação florestal causadas pela extração madeira predatória e por queimadas.
FONTE: Diário de Cuiabá - 30/04/08