A troca no comando do Ministério do Meio Ambiente ainda é avaliada com cautela pela bancada ruralista no Congresso. Deputados e senadores ligados ao agronegócio acreditam que a chegada de Carlos Minc, atual secretário de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, pode reabrir o diálogo entre os diversos segmentos e elaborar uma política mais realista que alie proteção ao meio ambiente e o desenvolvimento do país. Mas o futuro ministro também já encontra resistências até entre os governistas.
A expectativa da bancada ruralista é que Minc seja capaz de apresentar, a curto prazo, uma proposta para os transgênicos, com o apoio a pesquisas na área, negocie a votação do novo Código Florestal e reveja questões referentes as normas para a licença ambiental. Ontem, ao saber da confirmação do novo ministro, a vice-presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) e produtora agrícola, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), entrou em contato com um colega de partido no Rio para ter informações sobre o escolhido do presidente Lula. As primeiras informações agradaram a senadora que espera um avanço na política agrícola do governo.
- Não podemos mais viver comandados pela ideologia em detrimento da razão. Espero que, agora, o bom senso se sobreponha ao radicalismo e que o novo ministro encontre uma forma de conciliar a preservação do meio ambiente em parceria com o campo e a cidade.
Para o presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Minc terá que dar uma atenção especial aos avanços na área tecnológica, que acusa de ter sido praticamente abandonada pela ex-ministra Marina Silva.
- Havia um preconceito contra o agronegócio, ao desenvolvimento da produção do país, isto o governo vai ter que mudar - disse.
A chegada de Minc também promete ser tumultuada no que depender até dos governistas. Os petistas demonstraram desconforto pelo cargo não ter ficado com o ex-governador do Acre Jorge Viana e terem perdido espaço para o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. PT e PMDB desde o início da aliança de coalizão do governo Lulam trava um embate por mais espaço na Esplanada dos Ministérios.
- Não quero tratar isso como uma queda de braço. Não há nenhum desenvolvimento possível sem respeitar o meio ambiente. O Jorge Viana, por ser da Amazônia, talvez diminuísse os impactos de três situações dentro do governo: os conflitos na reserva Raposa/Serra do Sol, a absolvição dos assassinos da irmã Dorothy e a saída da ministra Marina - desconversou a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC).
Outros governistas, como o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), pré-candidato a prefeito do Rio e antigo colega de Minc na fundação do PV, acredita que Lula ao optar por Minc apostou no desenvolvimento do país e quer saber quanto tempo vai resistir no cargo.
- Ainda é cedo para falar, mas a visão do governo é priorizar o desenvolvimento em detrimento do meio ambiente - opinou. FONTE: Jornal do Brasil - 15/05/2008